domingo, 20 de novembro de 2011

O enterro do "Não Consigo"

Imagem retirada da internet
"A turma do quinto ano da professora Donna se parecia com qualquer outra de antigamente. Os alunos se sentavam em cinco fileiras de seis carteiras, e a mesa da professora ficava de frente para as crianças. Em quase tudo era uma classe típica de ensino fundamental. Mas alguma coisa parecia diferente naquele dia em que estive lá pela primeira vez. Havia uma certa agitação oculta.

Donna era uma professora antiga naquela pequena cidade de Michigan e voluntária no desenvolvimento de um projeto social que eu idealizara. A idéia era transmitir aos alunos os meios de aumentar a confiança e a capacidade por meio da linguagem. Donna assistia às sessões de treinamento para implementar os conceitos apresentados. Eu me ocupava de fazer visitas às turmas e apoiar a implementação.

Sentei-me no fundo da sala e fiquei observando. Todos os alunos estavam ocupados, preenchendo uma folha. O  menino de dez anos perto de mim enchia a folha com uma série de "Não consigo".
Não consigo ultrapassar a linha de defesa no futebol.
Não consigo fazer contas de dividir com mais de três números.
Não consigo fazer Debbie gostar de mim.
Não consigo fazer dez flexões.
Não consigo comer apenas um biscoito.

Fiquei interessada e decidir verificar com a professora o que estava acontecendo. Ao me aproximar dela, vi que estava concentrada no que escrevia. Olhei por cima de seu ombro e li:
Não consigo que a mãe de John venha à escola para uma reunião com os professores.
Não consigo fazer minha filha colocar gasolina no carro.
Não consigo que Alan use palavras no lugar dos punhos.

Sem entender por que eles estavam fazendo aquilo, voltei ao meu lugar e fiquei observando. Os alunos escreveram por mais de uns dez minutos. A maioria encheu a folha. Alguns pediram uma segunda.

- Basta preencher uma folha - disse Donna, solicitando aos meninos que dobrassem os papéis ao meio e os colocassem numa caixa de sapatos vazia.

Donna também colocou o dela na caixa, depois a tampou e dirigiu-se à porta, seguindo pelo corredor. Os alunos a acompanharam e eu os segui.

No meio do corredor, a procissão parou. Donna entrou na sala do zelador e pegou uma pá. Com a caia de sapatos em uma das mãos e a pá na outra, a professora saiu do prédio e foi até o ponto extremo do pátio. Lá começou a cavar.

Era o enterro do 'Não consigo'! Quase todos os alunos quiseram cavar também. Quando o buraco chegou a mais ou menos um metro, a caixa dos 'Não consigo' foi colocada no fundo e coberta com terra.

Trinta crianças de dez e onze anos ficaram ali ao lado da cova. Nesse ponto, Donna anunciou:
- Meninos e meninas, deem as mãos e inclinem as cabeças.
Os alunos fizeram um círculo em volta da cova e, de cabeça baixa, esperaram que Donna falasse.

- Amigos, estamos aqui reunidos em honra da memória do 'Não consigo'. Enquanto esteve na Terra, ele tocou a vida de todos, a de alguns mais que a de outros. Seu nome, infelizmente, foi pronunciado em escolas, prefeituras, assembléias legislativas e até mesmo na Casa Branca. Providenciamos um local de descanso eterno para 'Não consigo', que deixou os irmão 'Eu consigo', 'Eu farei' e 'Eu vou seguir o caminho certo'. Eles não são tão conhecidos quanto seu parente famoso, nem tão fortes e poderosos. Talvez algum dia, com a ajuda de vocês, deixem sua marca no mundo e façam algo maior do que o parente morto. Que 'Não consigo' descanse em paz e que todos aqui presentes possam retomar suas vidas e seguir em frente. Amém.

Ouvindo o discurso, percebi que os alunos jamais esqueceriam aquele dia. A atividade era simbólica, uma metáfora para a vida. Escrever 'Não consigo', fazer o enterro, ouvir as palavras de despedida. Isso se devia à professora. E ela ainda não tinha terminado. Concluindo, levou os alunos de volta à sala, onde havia uma festa.

Celebraram a morte de 'Não consigo' com biscoitos, pipoca e suco. Como parte da comemoração, Dona fez uma lápide de papel pardo. No alto, escreveu 'Não consigo', e no meio, 'Descanse em paz'. A data foi escrita embaixo.

A lápide ficou pendurada na sala até o final do ano. Numa das raras ocasiões em que uma das crianças esquecia e falava 'Não consigo', Donna simplesmente apontava para a lápide. O aluno assim se lembrava de que 'Não consigo' estava morto e refazia a frase.

Eu não era um dos alunos de Donna, mas seu professor. Naquele dia porém, ela me ensinou uma importante lição. Hoje, anos depois, quando ouço a frase 'Não consigo', me lembro daquele funeral e recordo que 'Não consigo' está morto."

Autor: Chick Moorman
Livro: Histórias para aquecer o coração











sábado, 19 de novembro de 2011

Com pressa

Imagem retirada da web
"Eu estava com pressa.
Passei correndo pela sala de jantar usando meu melhor vestido, concentrada em me preparr para um encontro de negócios noturno. Gillian, minha filha de quatro anos, estava dançando ao som de sua música favorita, Cool do filme Amor, Sublime Amor.
Eu estava com pressa, à beira de chegar atrasada. No entanto, uma vozinha dentro de mim disse: Pare.
Então parei. Olhei para ela. Aproximei-me, peguei sua mão e a rodopiei. Minha filha de sete anos, Caitlin, entrou em nossa órbita e eu também a peguei. Nós três dançamos alucinadamente pela sala de jantar até chegarmos à sala de estar. Ríamos. Rodopiávamos. Será que os vizinhos podiam ver a loucura pela janela? Não tinha importância. A música chegou ao fim com um floreio dramático e nossa dança terminou com ela. Dei um tapinha em seus traseiros e mandei que fossem tomar banho.
Elas subiram as escadas, seus risinhos ecoando pelas paredes. Voltei aos meus afazeres. Enfiava papéis em uma pasta quando ouvi a mais nova falar:
- Caitlin, você não acha que a mamãe é a mais melhor de todas?
Congelei. Eu quase correra pela vida, perdendo aquele momento. Meu pensamento foi para os prêmios e os diplomas que cobriam as paredes de meu escritório. Nenhum prêmio, nenhuma realização que eu já alcançara poderiam se comparar a isto: Você não acha que a mamãe é a mais melhor?
Minha filha disse isso quando tinha quatro anos. Não espero que ela o diga com quatorze. Mas, aos quarenta, se ela se inclinar por cima de um caixote de pinho para dizer adeus ao recipiente descartado da minha alma, quero que o diga.
Mamãe não é a mais melhor?
Não combina com meu currículo. Mas quero isso gravado na minha lápide."

Autora: Gina Barret Schelsinger
Livro: Histórias para aquecer o coração

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A minha escolha e a sociedade!

 Texto perfeito escrito por kira no blog parabeatriz.blogspot.com

Imagem retirada do blog parabeatriz.blogspot.com - LINDA
"Hoje vivemos em um mundo bem moderninho, visto pelo ponto de que lá pelos anos 50 a única tarefa de uma mulher era cuidar da casa, dos filhos e do marido.
Com a independência da mulher, essa coisa louca de queimar sutiãn, fez com que a sociedade praticamente nos obrigasse a trabalhar fora.
Veja bem, minha filha fez 2 anos, e esse foi o prazo que eu ME DEI para ficar com ela, escolha minha. E dai que ela mal completou 2 anos e já bombardeiam perguntas de " quando você vai voltar a trabalhar fora?".
E experimenta dizer que não faz parte dos seus planos, que para você não vale a pena, ou que pretende fazer uma faculdade. Você é dondoca, é amélia, é sustentada.
Não, eu sou dona das minhas escolhas.
E sim, hoje existe uma grande pressão para que a mulher seja independente. E não basta você trabalhar fora, você tem que cuidar das crianças, da casa, do marido, e ainda fazer um séquisso all night long, se não, você é uma péssima mulher. Ou seja, para mim, continua a mesma coisa dos anos 50, delegando obrigações para as mulheres. Cadê a opção de escolha?


Nem preciso dizer sobre outros questionamentos que me ocorre sempre, Beatriz com dois anos e vem a clássica pergunta: quando ela vai parar de mamar?
Pera ai. A filha é minha, o peito é meu. Porque alguém ALÉM de mim tem de se preocupar com isso?

E isso tudo gira em torno do trabalho, é um círculo vicioso, porque sua filha tem de desmamar, para frequentar escolinha, para você trabalhar.
E quando você não quer nem um dos três?


Parece que as pessoas se esqueceram existem sonhos e metas individuais, e que, se eu não quero, eu não vou trabalhar com algo que não me agrada só para agradar uma sociedade."


 Comentário de Cris Moreira:
Poucas vezes li um texto sobre maternidade e educação de filhos que eu concordasse tanto. como você mesma fala E DAÍ SE SÃO MINHAS ESCOLHAS, E DAÍ SE FAÇO ISSO OU AQUILO QUEM TEM QUE SE PREOCUPAR SOU EU. Olha sofri e sofro uma pressão danada por causa das minhas escolhas, apesar de terem sido diferente das suas. Mas já vai voltar a trabalhar? Mas ela é tão pequena e já vai pra creche? Mas já vai desfraldar? Nossa mas você não tem tempo nem pra sua casa, está uma bagunça... MAS MAS MAS... A escolha é minha, eu escolho minha forma de educar e @maedemerda, @dorianamae ou qualquer parente meu pode me dizer isso. O que me dá mais raiva no atual momento são os comentários sobre minha casa, que dá tempo de cuidar dela... etc, Não, não dá tempo, o tempo que sobra é a noite, aí novamente ESCOLHOOOO, ou brinco com minha filha ou arrumo casa, ou descanço e faço as coisas que eu gosto depois que ela dormir ou arrumo casa.. numa boa escolho ser feliz com minha filha e comigo mesmo, a casa depois a gente vê...No final nós mães estamos fazendo o que achamos certo ou melhor para nossos filhos e esses conceitos são muito relativos, variam de pessoas, culturas, educação, etc. O pior que quem mais enche são as pessoas que se intitulam amigos e família... se não ensinaram a eles a respeitar as escolhas alheias quero ensinar isso pra minha gatinha.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Tudo depende de mim

"

Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia-noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje...

- Posso reclamar porque está chovendo... ou agradecer às águas por lavarem a poluição!

- Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício!

- Posso reclamar sobre minha saúde.. ou dar graças por estar vivo!

- Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria. Ou posso ser grato porter nascido!

- Posso reclamar por ter que ir trabalhar... ou agradecer por ter trabalho!

- Posso sentir tédio com as tarefas da casa... ou agradecer a Deus por ter um teto para morar!

- Posso lamentar decepções com amigos... ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades!

Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçá-las!

O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. (Charlie Chaplin)"

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Encantamento

"Livros infantis: menos ensinamento, mais encantamento. Deixe que a criança descubra o ensinamento sozinha."

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quando você pensava que eu não estava olhando

Quando você pensava que eu não estava olhando

Autor desconhecido
Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você pegar o primeiro desenho que fiz e prender na geladeira e, imediatamente, eu tive vontade de fazer outro para você.
Quando você pensava que eu não o estava olhando, eu vi você dando comida a um gato de rua e eu aprendi que é legal tratar bem os animais.
Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você fazer meu bolo favorito para mim e eu aprendi que as coisas pequenas podem ser as mais especiais na nossa vida.
Quando você pensava que eu não estava olhando, ouvi você fazendo uma oração, e eu aprendi que existe um Deus com quem eu posso sempre falar e em quem eu posso sempre confiar.
Quando você pensava que eu não o estava olhando, eu vi você fazendo comida e levando para uma amiga que estava doente e eu aprendi que todos nós temos que ajudar e tomar conta uns dos outros.
Quando você pensava que eu não o estava olhando, eu vi você dando seu tempo e seu dinheiro para ajudar as pessoas mais necessitadas e eu aprendi que aqueles que tem alguma coisa devem ajudar quem nada tem.
Quando você pensava que eu não estava olhando, eu senti você me dando um beijo de boa noite e me senti amado e seguro.
Quando você pensava que eu não o estava olhando, eu vi você tomando conta da nossa casa e de todos nós e eu aprendi que nós temos que cuidar com carinho daquilo que temos e das pessoas de que gostamos.
Quando você pensava que eu não o estava olhando, eu vi como você cumpria com todas as suas responsabilidades, mesmo quando não estava se sentindo bem, e eu aprendi que tinha que ser responsável quando eu crescesse.
Quando você pensava que eu não o estava olhando eu vi lágrimas nos seus olhos, e eu aprendi que, às vezes, acontecem coisas que nos machucam, mas que não tem nenhum problema a gente chorar.
Quando você pensava que eu não o estava olhando, eu vi que você estava preocupado e eu quis fazer o melhor de mim para ser o melhor que pudesse.
Quando você pensava que eu não estava olhando foi quando eu aprendi a maior parte das lições de vida que eu precisava, para ser uma pessoa boa e produtiva quando eu crescesse.
Quando você pensava que eu não estava olhando, eu olhava para você e queria te dizer:
"Obrigado por todas as coisas que eu vi e aprendi quando você pensava que eu não estava olhando!"

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Simples assim...

"Mantenha sempre tuas palavras leves e doces pois pode acontecer de você precisar engolir todas elas."
 Quem me dera conseguir fazer isso kkkk

sábado, 30 de abril de 2011

O prazer de navegar

"Entre o porto e o mar, eu prefiro o mar...
Entre as respostas e as perguntas, eu prefiro as perguntas...
Não sei ensinar chegadas, só partidas.
'Eu só dou resposta para perguntas que ninguém perguntou' dizia Guimarães Rosa
Respostas são o começo de um outro mundo.

Não gosto de conclusões. Conclusões são chaves que fecham. Palavras não conclusivas, que deixam abertas as portas das gaiolas para que os pássaros voem de novo. Cada conclusão faz parar o pensamento. Quando o pensamento aparece assassinado, pode-se ter certeza de que o criminoso foi uma conclusão...

Você não sabe que uma idéia clara faz parar a conversa, enquanto uma idéia mergulhada na sombra dá asas às palavras e a conversa não tem fim?

Prefiro navegar a atracar no porto. Guimarães Rosa dizia que a coisa não estava nem na partida e nem na chegada, mas na travessia.

A pura alegria de navegar,
a pura alegria de pensar,
palavras voando ao Vento
pela pura alegria de voar. "

Livro: O Poeta, O Guerreiro, O Profeta
Autor: Rubem A. Alves

Uma boa lição para um professor competente

"O professor começa daquilo que se conhece e prossegue metodicamente na direção do desconhecido, construindo pontos com os materiais disponíveis, tecendo com rigor suas redes de palavras. As palavras marcham, como soldados, na direção predeterminada.

Mas assim que atravessei o espelho percebi que, lá dentro, as palavras se recusam a marchar. Não obedecem ordens. São surdas ao ritmo do tambor. Elas pulam e dançam como se estivessem num espetáculo coreográfico. É a associação livre ds idéias...Mas quem é que entregaria o seu filho a um professor-dançarino?

O professor dá uma lição; ele lê um texto. E houve mesmo um tempo que recebia o nome de lente, o leitor. Um texto são palavras imobilizadas no papel pela química da tinta. Quando elas aparecem pela primeira vez, seu estado não era este: mais se pareciam com pássaros selvagens, batendo suas asas... O professor armou suas arapucas, pegou os pássaros, selecionou os que lhe interessavam, e engaiolou-os com papel e tinta. Pobres palavras... Perderam sua liberdade. Agora estáo congeladas no tempo e no espaço. Mas depois, quando o professor se puser a lê-las, será a sua vez de perder a liberdade. Agora, sob o comando das palavras escritas, ele será obrigado a dizer aquilo a que elas o obrigam. Mas, no momento da leitura, a física da luz faz com que elas voem do papel para os olhos, dos olhos para a morada dos pensamento, e daí para a boca. E o lente as transforma em sons. Ele as diz. Se, por um acaso, pássaros diferentes passam batendo suas asas, ele faz de conta que não os vê. Se ele se sente tentado a voar com eles, o texto o chama de volta.  Barthes, no seu maravilhoso livro sobre a fotografia, diz que cada foto é uma imagem da morte. O que se vê é um momento que j[a foi, que não existe mais. A mesma coisa pode ser dita de um texto.

Este é o preço que se paga pela segurança. Pássaros selvagens são tão imprevisíveis quanto o Vento; não se sabem donde vêm e nem para onde vão. Sempre que aparecem provocam uma enorme confusão na ordem militar e rigorosa do texto escrito. É óbvio que um professor prudente poderá brincar com elas em casa, mas terá o cuidado de fechar as janelas da sala de aula pois, cso contrário, ele poderá perder o controle do conhecimento que deve transmitir.

Por razões que não conheço, comecei a gostar mais dos pássaros voantes do que dos engaiolados. O fato é que me tornei incapaz de ler meus textos do princípio ao fim. Ao final, ao invés de chegar a uma conclusão clara e distinta, o que tinha era um punhado de fragmentos e perguntas. E comecei a me perguntar se eu ainda era um professor, ou se eu havia me convertido ao estilo dos mestres Zen."

Livro: O Poeta, O Guerreiro, O Profeta
Autor: Rubem A. Alves

Um bom professor




"Um bom professor: um bom espelho...

Cada palavra um reflexo fiel:
fazer visível e luminoso o mundo que existe lá fora;
falar a verdade, a verdade toda, nada mais que a verdade.


Mas para que isto aconteça é preciso que o espelho esteja vazio. O espelho é vazio de si mesmo. Nada tem para mostar. Mostra sempre algo que está fora, que não é ele mesmo. Acontece que meu espelho ficou cansado desta função de só repetir o que vinha de fora e começou a ter idéias próprias. Será que até mesmo os espelhos têm um lado de dentro? Não consegui resistir à curiosidade. Era perigoso brincar com espelhos e um professor não deveria sair do mundo dos reflexos.


Suas aventuras do lado de lá do espelho tratou de mantê-las a salvo do "guardiões dos espelhos" - há tantos por todos os lados, vestidos de batina, de aventais científicos e becas filosóficas... - disfarçou-as sob a forma de histórias para crianças. E todo mundo sabe que, no mundo da fantasia infantil, tudo é permitido, nada é para ser levado a sério."

Livro: O Poeta, O Guerreiro, O Profeta
Autor: Rubem A. Alves

Começando a aprender


"- O truque, Chico, está em que tentamos ultrapassar as nossas limitações progressiva e pacientemente.
- Eu não... não morri?
- O que conseguiste fazer foi modificar teu nível de consciencialização de modo assaz brusco. Agora tens a liberdade para escolher: ou ficar aqui e aprender a este nível - que, a propósito, é mais evoluído do que o que deixaste - ou regressar e continuar trabalhando com o Bando.
- Quero voltar para o Bando, é claro. Mal comecei a treinar o novo grupo!
- Lembras-te do que dissemos acerca de o nosso corpo não ser mais do que o próprio pensamento...?
- Por que será - interrogou-se Fernão - que a coisa mais difícil no mundo é convencer um pássaro de que é livre e de que pode prová-lo a si próprio se se dedicar a treinar um pouco?"

"- Fernão, lembras-te do que disseste, acerca de amar o Bando o bastante para voltar a ele e ajudá-lo a aprender? Não compreendo como consegues amar um punhado de pássaros que acabam de tentar te matar.
- Oh Chico! Não é isso que amas! Tu não amas o ódio e o inferno, é claro. Tens de treinar até veres a verdadeira gaivota, o que há de bom em cada uma delas, e ajudá-las a ver isso nelas próprias. Para mim, o amor é isso. Lembro-me de um jovem pássaro refilão chamado Francisco Coutinho Gaivota. Acabava de ser Banido; estava pronto a lutar com o Bando até a morte e começou por construir o seu próprio inferno. E aqui está ele hoje, a construir o seu próprio paraíso e a guiar todo o Bando nessa direção.
- Eu, a guiá-los?
- Tu já não precisas de mim. Precisas continuar descobrindo pouco a pouco, todos os dias, o verdadeiro e ilimitado Francisco Gaivota. É ele o teu melhor instrutor. Precisas de o compreender e de o treinar. .. Não os deixes espalhar boatos a meu respeito, fazerem de mim um deus.... sumiu.
- Fernão!
- Pobre Chico! Náo creias no que os teus olhos te dizem. Tudo o que mostram é limitação. Olha com o entendimento, descobre o que já sabes e verás como voar."


"... primeira lição ao grupo.
- Para começar - disse Francisco pesadamente - têm de compreender que uma gaivota é uma ilimitada idéia de liberdade, uma imagem da Grande Gaivota, e todo o vosso corpo, da ponta de uma asa à outra, não é mais do que o vosso próprio pensamento... Compreendeu de súbito que o seu amigo não fora mais divino do que ele próprio. Não há limites Fernão!? pensou.
Embora tentasse mostrar-se severo com os seus alunos, Francisco Gaivota viu-os de repente como eram realmente, e mais do que gostou, amou o que viu. Não há limites, Fernão? pensou , e sorriu. A sua corrida para a aprendizagem acabava de começar."

Livro: Fernão Capelo Gaivota
Autor: Jonathan Seagull, Richard Bach

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ensinando

"Francisco Coutinho Gaivota era bastante novo, mas já sabia que nunca um pássaro fora tratado com tanta aspereza por nenhum Bando ou com tanta injustiça.
- Voar tem muito mais valor do que esvoaçar de um lado para o outro! Não percebem a glória que será quando aprendermos a voar realmente? Não importa o que pensam. Mostrar-lhes-ei o que é voar!
A voz surgiu dentro da sua cabeça e, embora fosse muito suave, sobressaltou-o de tal maneira que vacilou e rebolou no ar.
- Não sejas duro com eles, Francisco Gaivota. Ao expulsarem-te, as outras gaivotas só fizeram mal a si prórpias e um dia sabê-lo-ão, e um dia verão o que tu vês. Perdoa-lhes e ajuda-as a compreender."

"- Francisco Coutinho Gaivota, queres voar tanto que perdoarás ao Bando, e aprender e voltar um dia para os ajudares a conhecer?
- Quero.
- Então, Chico, vamos começar..."

"A atrapalhação de Francisco no topo foi como uma chicotada, foi o pior que lhe podia ter acontecido e enfureceu-se por ter falhado.
- Perdes o teu tempo comigo, Fernão! Tento e volto a tentar mas nunca conseguirei!
- Tens de ser suave! Firme mas suave."

"Ao cabo de três meses, Fernão tinha mais seis discípulos, todos Banidos, mas ainda curiosos acerca desta estranha e nova ideia de voar pelo prazer de voar. Contudo, era-lhes mais fácil praticar altas execuções do que compreender a razão que existia por detrás delas.
- Cada um de nós é, em realidade, uma idéia da Grande Gaivota, uma idéia ilimitada de liberdade. E o voo de precisão é um passo em frente para expressarmos a nossa verdadeira natureza. Temos de pôr de parte tudo o que nos limita.
Mas nenhum deles, nem mesmo Francisco Coutinho, chegara a crer que o voo de idéias pudesse de fato ser tão real como o voo de vento e penas.
- Todo o vosso corpo, da ponta de uma asa à outra - diria Fernão outras vezes - não é mais do que o vosso próprio pensamento, numa forma que podem ver. Quebrem as correntes do vosso pensamento e conseguirão quebrar as correntes do vosso corpo.
... o que dissesse soava sempre como ficção agradável.
- Nós somos livres para ir aonde nos aprouver e sermos o que somos. A Lei dizia: fica. Fernão dizia: vai."

"... Ignorem-nos. A gaivota que falar a um Banido será Banida. A gaivota que olhar para um Banido quebrará a Lei do Bando.
... pela primeira vez, Fernão começou a instigar os seus alunos até o limite da sua capacidade. Foi assim que o calado Martinho Gaivota, sobressaltado pelo fogo que o seu instrutor lhe ateara, se surpreendeu a si próprio tornando-se um especialista em baixas velocidades. Rolando Gaivota estava maravilhado e feliz, decidiu ir ainda mais alto no dia seguinte.
A todo momento, lá estava Fernão ao lado de cada um dos seus discípulos, demonstrando, sugerindo, instigando, conduzindo."

"- Tu tens a liberdade de seres tu mesmo, de seres o teu próprio eu, aqui e agora, e não há nada que possa interpor-se no teu caminho. Essa é a Lei da Grande Gaivota, a Leis que É.
- Queres dizer que posso voar?
- Digo que és livre."

" Falava de coisas muito simples - de que as gaivotas têm o direito de voar, de que a liberdade é própria da sua natureza, de que todo aquele que se opusesse a essa liberdade devia ser posto de parte.
- Como podes esperar que voemos como tu? Tu és especial, dotado e divino, muito acima dos outros pássaros.
- Olhem para Francisco! Teseu! Rolando! São também especiais, dotados e divinos? Não mais do que vocês, não mais do que eu. A única diferença, a única de fato, é que eles começaram a compreender o que são relamente e decidiram por em prática esse conhecimento.
A multidão crescia de dia para dia, vinham fazer perguntas, idolatrá-lo ou injuriá-lo."

" - Dizem no Bando que, se não és o Filho da Própria Grande Gaivota, tens um avanço de mil anos em relação ao nosso tempo - contou Francisco a Fernão.
Fernão suspirou. O preço de ser incompreendido, pensou. Tão depressa és diabo como deus.
- E tu que pensas, Chico?
- Bem, esta maneira de voar sempre esteve ao alcance de quem a quisesse descobrir. Não tem nada a ver com o tempo. Talvez estejamos avançados em relação à moda. Avançados em relação à maneira como voa a maior parte das gaivotas."

Livro: Fernão Capelo Gaivota
Autor: Jonathan Seagull, Richard Bach

Aprendendo novamente

"- Este mundo não é o Paraíso, pois não?
- Tu estás aprendendo outra vez, Fernão Gaivota.
- Não, Fernão, não há tal lugar. O Paraíso não é  um lugar nem um tempo. O Paraíso é ser perfeito. Começarás a  aproximar-te do Paraíso no momento que alcançares a velocidade perfeita. E isso não é voar a mil e quinhentos quilômetros, nem a um milhão, nem voar à velocidade da luz. Porque nenhum número é um limite e a perfeição não tem limites. A velocidade perfeita, meu filho, é estar ali."


"As gaivotas que desprezam a perfeição por amor ao movimento não chegam a parte alguma, devagar. As que ignoram o movimento por amor à perfeição chegam a toda a parte, instantaneamente. O Paraíso não é um lugar nem um tempo, porque lugar e tempo não significam nada."


" - Para voares à velocidade do pensamento, para onde quer que seja, deves começar por saber que já chegaste. O truque estava em Fernão deixar de se ver aprisionado dentro de um corpo limitado. Estava em saber que a sua verdadeira natureza vivia tão perfeita como um número não escrito, em toda a parte e ao mesmo tempo, através do espaço e do tempo."


"Tu tens menos medo de aprender do que qualquer outra gaivota que conhece em dez mil anos. Podemos começar a trabalhar com o tempo, até poderes voar o passado e o futuro. E então estarás preparado para começar com o mais difícil, o mais potente e divertido de tudo. Estarás preparado para voar no além  e conhecer o significado das palavras bondade e amor."


"Aprendera sempre depressa... nunca deixarem de aprender, de treinar e de lutar por compreenderem cada vez melhor o perfeito e invisível princípio de toda a vida. Continua trabalhando no amor, Fernão."


"Se ele tivesse sabido que havia só um décimo, um centésimo do que aprendera aqui, como a vida teria sido mais válida!"



"Quanto mais Fernão treinava seus exercícios de bondade, quanto mais trabalhava para compreender a natureza do amor, mais desejava regressar à Terra. Porque, apesar do seu passado solitário, Fernão Gaivota nascera instrutor, e a sua maneira de demonstrar o amor era dar alguma da verdade que ele próprio descobrira a uma gaivota que apenas pedisse uma oportunidade para vislumbrar essa verdade."

"- Fernão, tu foste Banido uma vez. O que é que te leva a pensar que alguma das gaivots do teu tempo te ouviriam agora? Tu conheces o provérbio, que é bem verdade: vê mais longe a gaivota que voa mais alto...Elas estão a mil e quinhenos quilometros do Paraíso, e dizes tu que lhes queres mostra o Paraíso, de onde estão! Elas nem vêem a própria ponta das asas! Fica aqui. Fica aqui ajudando as novas gaivotas, essas que estão suficientemente cultivadas para compreenderem o que lhes tens a dizer."

"... ele não podia impedir-se de pensar que talvez houvesse uma ou duas gaivotas na Terra que também pudessem aprender."

"- Acho que vou sentir a tua falta, Fernão.
- Não sejas tonto! Afinal o que é que estamos treinando todos os dias? Se a nossa amizade depende de coisas como o espaço e o tempo, então , quando finalmente ultrapassarmos o espaço e o tempo, teremos destruído a nossa fraternidade! Mas ultrapassado o espaço, tudo o que nos resta é Aqui. Ultrapassado o tempo, tudo que nos resta é Agora. E entre Aqui e Agora não crês que poderemos ver-nos uma ou duas vezes?"




Livro: Fernão Capelo Gaivota
Autor: Jonathan Seagull, Richard Bach

Fernão Capelo Gaivota

"A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que simples fatos do voo. Para a maioria, o importante não é voar mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar.

- Porque é que te custa tanto para ser como o resto do bando?
- Eu só quero saber o que posso fazer no ar e o que não posso.
- Não esqueças que a razão por que voas é comer.

Fernando, feliz, aprendendo. Trabalhando até ao limite da sua capacidade."

"O fracasso pesava-lhe ainda mais nas costas. Desejou que o peso fosse o bastante para o arrastar docemente até ao fundo e acabar para sempre. Não há nada a fazer. Minha naturez limita-me.

Sentiu-se melhor depois da decisão de ser apenas mais um dos do  bando. De aí em diane não havera mais laços  prendê-lo à força que o levara a aprender, não haveria mais desafios nem fracassos. E era bom deixar de pensar."

"... não sentia remorsos por não cumprir as promessas que fizera a si próprio. Quem conseguiu chegar à excelência da sua aprendizagem não tem necessidade desse tipo de promessas. Treinava outra vez.

Ele estava vivo, ligeiramente trêmulo de prazer, orgulhoso de que seu medo estivesse dominado. Mas a velocidade era poder, e era alegria e beleza pura. Na sua mente latejava o triunfo. ... dispos-se imediatamente a descobrir como virar."

"Não quero honras. Não me interessa ser chefe. Só quero partilhar o que descobri, mostrar a todos esses horizontes que estão à nossa frente."

"Quem é mais responsável do que uma gaivota que descobre e desenvolve um significado, um propósito mais elevado na vida? ... agora temos uma razão para viver, para aprender, para descobrir, para sermos livres!

... não lamentava o preço que pagara por isso. Descobriu que o tédio, o medo e a ira são as razões porque a vida de uma gaivota é tão curta e, sem isso a perturbar-lhe o pensamento, viveu de fato uma vida longa e feliz."

"Acabou-se uma escola e chegou a altura de começar outra. Ele podia voar mais alto e era tempo de ir para casa. Lançou um último longo olhar pelo céu, por aquela magnífica terra prateada onde aprendera tanto. Então o paraíso é isto...

Em realidade, era o mesmo Fernão Capelo Gaivota que sempre vivera por detrás dos olhos dourados. Só a forma exterior que se modificara. Era como o corpo de uma gaivota, mas voava muito melhor do que o antigo jamais voara. "

"No Paraíso, pensou, não devia haver limites. Novas paragens, novos pensamentos, novas perguntas. Porqueê tão poucas gaivotas? E porque é que de repente, fiquei tão cansado? As gaivotas no Paraíso nunca devem cansar-se, nem dormir.

A lembrança da sua vida, na Terra sumia-se. A Terra fora um lugar onde aprendera muito, é certo, mas os pormenores estavam esmaecidos."

"Neste lugar havia tanto para aprender acerca do voo como houvera na vida que deixara para trás. Mas com uma diferença. Aqui havia gaivotas que pensavam como ele. Para cada uma delas o mais importante na vida era olhar em frente e alcançar a perfeição naquilo que mais gostavam de fazer."

"- Onde estão os outros? Porque somos tão poucos aqui?
- A única resposta que encontro, Fernão, é que tu és um daqueles pássaros que se encontram num milhão. Quase todos nós percorremos um longo caminho. Fomos de um mundo para o outro, que era praticamente igual ao primeiro, esquecendo logo de onde viéramos, não nos preocupando para onde íamos, vivendo no momento presente. Tens alguma idéia de por quantas vidas tivemos que passar até chegarmos a ter a primeira intuição de haver na vida algo mais do que comer, ou lutar, ou ter uma posição importante dentro do Bando?... até começarmos a aprender que há uma coisa chamada perfeição e para nos convencermos de que o nosso objetivo na vida é encontrar essa perfeição e levá-la ao extremo. Escolheremos o nosso próximo mundo através daquilo que aprendemos neste. Não aprender nada significa que o próximo mundo será igual a este, com as mesmas limitações e pesos de chumbo a vencer.

- Mas tu, Fernão, aprendeste tanto de uma só vez que não tiveste de passar por mil vidas para chegar a esta."

Livro: Fernão Capelo Gaivota
Autor: Jonathan Seagull, Richard Bach

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Escritor

"A obra prima pode ser a primeira, a décima segunda ou a última obra de um determinado autor. Quem assina a obra completa é a morte. Enquanto vivo, o escritor é um ser em construção"

"Um escritor somente é escritor quando menos é escritor, no instante mesmo em que tenta ser escritor e escreve. Na absoluta solidão de seu ofício, enquanto a mente elabora as frases e a mão corre para acompanhar-lhe o raciocínio, é escritor. Nesse espaço, entre o pensamento e a expressão, vibra no ar um ser sutil, fátuo e que, terminada a frase, concluído o texto, se evapora. Nesse átimo, o escritor é escritor. Aí e somente aí. Depois, já é o primeiro leitor, o primeiro crítico de si mesmo e não mais escritor."

Charles Kiefer

Ser

"Um ser humano será, acima de tudo, aquilo que tiver projetado ser."

Jean Paul Sartre

terça-feira, 5 de abril de 2011

Equilíbrio

"Há um equilíbrio que não está nem em você, nem em mim, mas num meio termo entre nós dois"

Autor desconhecido

sábado, 2 de abril de 2011

Uma história

E assim termino PEQUENA ABELHA. Vamos a mais um novo livro.. obaaa!!!

“Uma história triste quer dizer: essa contadora de histórias está viva. Daí a pouco, alguma coisa boa vai acontecer com ela, uma coisa maravilhosa, e ela vai se virar e sorrir.”

“Não queria contar a ela o que havia acontecido, mas agora tinha de contar. Não conseguia parar de falar porque, agora que eu começara minha história, essa história queria ser concluída. Não podemos escolher onde começar e onde parar. Nossas histórias é que são as contadoras de nós”

Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

Morte - Pequena Abelha

"Depressão fora o que matara meu marido – depressão e culpa. Mas meu filho não acreditava em morte, muito menos na possibilidade de a morte ser causada por meras emoções. Meu marido disse estar um tanto perdido. Para um leigo, perdido seria sinônimo de desorientado. Vindo de meu marido, foi um adeus calculado. Como eu gostaria de ter prestado mais atenção nele.

Nunca fui dessas mulheres felizes que insistem que a desgraça acontece de uma forma inesperada. Para mim, existem incontáveis presságios, inúmeras pequenas falhas na normalidade.

Como explicar a meu filho que os sinais de aviso eram sutis demais? Que a desgraça, quando está bem certa de sua força, anuncia-se quase sem mover os lábios?

Quando o olhei de relance pela última vez, antes de fechar a porta do quarto, ainda me seguia com os olhos. Meu marido abriu a boca para dizer alguma coisa, mas eu estava atrasada e fui embora."


"Achei que seria demais querer que meu filho de quatro anos compreendesse a separação entre corpo e espírito. Acho que se eu tivesse conseguido fazê-lo sentar e explicasse tudo com calma ele teria ficado plenamente satisfeito.
- Onde está meu papai agora nesse minuto?
- Seu papai está nas colinas do céu.
- Mamãe, por que eles botaram a chaixa aí dentro?
- Acho que é para ficar bem guardada.
- Onde é que é o céu, mamãe?
- Mais tarde a gente fala sobre isso, querido, está bem?
- Meu papai está dentro daquela caixa?
- Seu papai está no céu, Charlie.
- Aquela caixa é o céu? Mamãe, tira ele daí! Tira meu papai do céu!
(Charlie caiu no buraco, em cima do caixão)
Lá embaixo, no escuro, meu filho estava socando o caixão e gritando:
- Papai, papai! Sai daí!
A mente do meu filho simplesmente não cogitava a possibilidade de deixar de superar aquele desafio. Ele berrava, furioso, enraivecido. Não desistira, mas, se eu quiser ser exata e me forçar agora a definir o momento preciso de toda essa história em que meu coração se partiu de modo irreparável, foi quando vi o cansaço e a dúvida começarem a se apossar dos pequenos músculos de meu filho enquanto seus dedos escorregavam, pela décima vez, na tampa de carvalho claro.

O horror daquela situação, daquela primeira descoberta da morte que era pior do que a própria morte. Eu lutava para me soltar, olhava todos os rostos horrorizados ao redor do túmulo e pensava: por que ninguém faz nada? Mas é difícil, muito difícil ser o primeiro.

Os gritos de meu filho pareceram continuar por um espaço dolorosamente longo de tempo."


“Os adultos não sabem como expressar o pesar. Sabia que deveria me sentir arrasada, é claro. Minha vida perdera o sentido. Não é esta a frase que se usa? Mas lá estava eu de olhos secos. Ainda tentando me sentir triste como deveria. Ainda remoendo as lembranças de minha vida breve com o pobre Andrew. Buscando o ponto crucial, a lembrança que desencadearia algum sintoma de angústia quando fosse resgatada. Lágrimas, talvez, sob uma pressão indescritível. Minha vida entrou num espiral descendente perversa. Não conseguia imaginar passar o dia sem ele.
Era exaustiva essa sondagem da tristeza, sem ao menos saber se havia tristeza a ser encontrada no fundo. A idéia de fugir dali apresentou-se marota e inesperada. Mas a vida tende a não deixar nenhum de nós fugir.”  

“Enterros são sempre assim. Todos os velhos esqueletos saem de dento dos armários da maneira mais teatral. Não se consegue ficar longe deles.”

“Quando ocorre uma perda tão fundmental, suponho que perder apenas uma coisa a mais – um dedo, talvez, ou um marido – não tem a menor importância."

“Se eu estivesse morta, você poderia fazer de mim uma mulher inteira.”

“Não houvera dor imediata e prápia por Andrew porque eu o perdera lentamente. Não é pelos mortos que choramos. Choramos por nós mesmos, e eu não merecia ter pena de mim mesma.”

“Quando todo mundo já morreu, às vezes você acha que seria mais fácil ir se juntar a eles, sabe? Mas você tem de seguir em frente.”

"Temos que ver todas as cicatrizes como algo belo. Uma cicatriz nunca é feia. Uma cicatriz não se forma num morto. Ela significa: ‘Eu sobrevivi.’"


Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

Medo

“Vai ver que sou burra demais para ficar com medo.”

“O terror, o medo, em seu país é algo do qual você toma uma dose de vez em quando para se lembrar de que não sofre daquilo. Para mim e para as meninas da minha aldeia, o terror é uma doença e passamos mal com ele”

“Adoeci de tanto terror. Dei cabo de minha própria vida vezes sem conta. Descobri que estava levando duas cargas. Sim, uma delas era o terror, mas a outra era a esperança. Descobri que me matara de volta para a vida.”

“A partir do momento em que você está preparada para morrer, não sofre tanto com o terror.”

Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

Refugiados

“Éramos refugiados de nós mesmos.” 

“A morte, claro, é um refúgio. É para onde você vai quando um nome novo ou uma máscara e uma capa não conseguem mais escondê-lo de si mesmo. É para onde você corre quando nenhum dos principados da sua consciência lhe concede asilo.”

“O filme na sua memória, desse não se pode livrar assim com tanta facilidade. Onde quer que você vá, ele está sempre passando dentro da sua cabeça. Portanto, quando digo que sou uma refugiada, você deve compreender que não existe refúgio.”

Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

Amor - Pequena Abelha

“Sempre que preciso parar e me lembrar de quanto amei Andrew um dia, basta pensar nisso. O fato de o oceano cobrir sete décimos da superfície da terra e ainda sim meu marido ter conseguido me fazer não notar tal coisa.”

“No primeiro mês, soube que ele não era o homem certo. Depois disso, foi aquela sensação crescente de insatisfação que deixa uma pessoa acordada ä noite. O cérebro se recusando a abrir mão daquelas vidas alternativas que poderiam ter sido.
Se tivesse parado para pensar a respeito, teria percebido que Andrew era parecido demais comigo – que um era tão teimoso quanto o outro; que nossa admiração pelo outro inevitavelmente se transformaria em atrito. A única razão de nos casarmos com tanta pressa foi minha mãe ter me implorado que não me casasse com ele de jeito nenhum. No casamento, um de vocês tem de ser maleável, disse ela. Um de vocês tem de saber dizer: faça como você quer.”

“Foi apenas sexo. Apenas sexo? É o que se diz, não é, hoje em dia? Sexo tornou-se uma daquelas palavras antes das quais se pode dizer apenas. Existe mais alguma coisa que você gostaria de minimizar agora? Apenas infidelidade? Apenas traição? Apenas partir a merda do meu coração?”

“Quando nós dois paramos de chorar, fez-se um silêncio. E esse silêncio tinha um novo aspecto: a consciência de que ainda restara algo por que chorar, afinal.”

Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

segunda-feira, 28 de março de 2011

Citações PEQUENA ABELHA

“A pessoa viaja de um lado para o outro tentando sair da sombra da nuvem e nada dá certo, e então um dia percebe que vinha carregando o tempo escuro consigo.”

“Entregou-se por completo à tristeza, daquela maneira que só as crianças pequenas e os super-heróis sabem fazer – daquela maneira dos que sabem que a infelicidade é um buraco sem fundo, que é insaciável – daquela maneira honesta.”

“Todos nós estamos tentando ser livres neste mundo. Liberdade para uma garota como eu é chegar viva ao fim de cada dia.”

“Nosso futuro se esconde da luz, mas o povo de vocês chega lá com um grande talento para adivinhar onde está... E a fração mais leve de todas – os nosso sonhos fantásticos de crianças nas horas mais sossegadas das noites de lua cheia... nossos sonhos vão manter vocês aquecidos."

“Vocês não enxergam o presente e nós não enxergamos o futuro. Não se pode enxergar além do dia porque vocês levaram o amanhã. E porque vocês têm o amanhã diante de seus olhos, não enxergm o que está sendo feito hoje”

“ – Ele é bandido ou mocinho?
 - Metade das pessoas pensa que ele é bandido e a outra metade pensa que é mocinho.
 - Isso é besteira.
- Isso é democracia – disse eu – Se vocês não a tivessem, iriam querer ter.”

“Não posso fugir outra vez. Não tenho para onde ir. Descobri a pessoa que sou e não gosto dela. Sou igual a você. Tentei me salvar. Diga, por favor, onde fica o amparo para isso.”

“Trabalho para o governo. Fazer realmente alguma coisa é um equívoco que somos treinados para evitar.”

“Não é triste, a gente crescer? Começamos com meu Charlie. Pensando que podemos matar todos os bandidos e salvar o mundo. Depois ficamos adolescentes e percebemos que uma parcela da maldade do mundo está dentro de nós, que talvez sejamos parte dessa maldade. E então ficamos ainda mais velhos, e mais à vontade, e começamos a nos perguntar se aquela maldade que vimos em nós é realmente tão má assim, afinal. E começamos a falar em dez por cento.”

“Vocês vivem num mundo de máquinas e sonham com o que tem carne e osso. Nós sonhamos com máquinas porque vemos o que os que têm carne e osso fazem conosco.”

“Se você não pode ler as coisas bonitas que acontecem na vida de alguém, por que se importaria com suas tristezas?”

“Entendi então por que a polícia não anda armada num país civilizado, eles matam você com um clique.”


Colonização na visão de um índio

“Vocês não diriam país em desenvolvimento se não acreditassem que nos deixaram um futuro no qual pudéssemos nos desenvolver. 

Na realidade, o que vocês nos deixaram mesmo foram seus objetos abandonados. Quando vocês pensam em meu continente, talvez pensem na vida selvagem – nos leões e nos macacos. Quando penso nele, penso em todas as máquinas quebradas, nas coisas gastas, estragadas, despedaçadas e rachadas. Sim, nós temos leões. Eles estão dormindo nos tetos de contêineres enferrujados. E os macacos? Estão brincando em cima de uma montanha de computadores velhos que vocês mandaram para ajudar em nossa escola – a escola que não tem eletricidade. 

Do meu país vocês tiraram o futuro e para o meu país vocês mandaram os objetos de seu passado. Não temos a semente, temos a casca... esse foi o lugar onde cresci, onde até os missionários fecharam com tábuas as portas e janelas de sua missão e nos deixaram com os livros santos, que não valiam a despesa de ser despachados de volta para seu país. 

Em nossa aldeia, na única Bíblia existente faltavam todas as páginas depois do versículo 46 do capítulo 27 de Mateus, de modo que a conclusão de nossa religião, o máximo que qualquer um de nós sabia era: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? E era assim que vivíamos, felizes e sem esperança. 

Eu era muito nova então, e não sentia falta de ter um futuro porque não sabia que tinha direito a um.”

Esse pequeno trecho não se trata de colonização, muito menos foi escrito por um índio no Brasil. Dá para perceber por causa das máquinas e computadores? Mas e o restante? A semelhança é tanta que poderia ter sido. Essa história se passa na África, contada por uma nigeriana refugiada durante a gerra pelo petróleo em seu país.

Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

sábado, 26 de março de 2011

Envolvente Livro Pequena Abelha

Esse livro me envolveu do início ao fim, tanto pelo mistério que ele contém, quanto pela tristeza e esperança que ele traz a tona a todo momento. É um desses livros que não dá vontade de parar de ler.

Não é um livro alegre, é pesado e bem chocante, mas traz sem dúvida nenhuma muita sabedoria. Vou colocar algumas frases "soltas" dele e alguns trechos que eu mais gostei. Obrigada Márcia por ter me dado esse verdadeir presente. Para quem se animar já aviso que o desafio nele é passar do primeiro capítulo, que é bem chato, mas do segundo em diante é só se deliciar com essa leitura.


“Foi horrível para mim não ajudar o homem, mas eu estava dividida, oscilando entre dois tipos de vergonha. Por um lado, a vergonha de não cumprir uma obrigação humana. Por outro, a loucura de ser a primeira de uma muldidão a ousar um gesto.”

“- Isso nunca mais vai acabar, não é Abelhinha?
- Por mais tempo que a lua desapareça, um dia ela brilha outra vez. As chuvas de abril trazem as flores de maio.”

“Existem coisas que os homens podem lhe fazer nesta vida, eu lhe garanto, que seria muito melhor se você se matasse antes.”

“A vida tirou as bençãos de mim e de tu numa ordem diferente, foi só isso.”

“Agora nós temos que cuidar da nossa cabeça.”

“De onde nós viemos, nós não temos paz, mas tem um que cochicha daqui, outro que cochicha dali. Mas aqui o problema é o contrário. A gente tem paz, mas não tem informação.”

“Você pode até não gostar de uns pedaços dela, mas não deixa de ser tudo parte de sua vida.”

“Não temos as coisas de que precisamos – nossos filhos, por exemplo - , mas somos capazes de tirar proveito de tudo que temos.”

“Esse é o problema da felicidade – ela é toda construída em cima de alguma coisa que os homens querem.”

“Teria que explicar como foi possível me afogar num rio de gente e ao mesmo tempo me sentir tão imensamente sozinha.”

“As coisas comuns seriam as mais difíceis, percebi.”

 “Era uma moça muito bonita, o tipo de moça que os homens dizem ser capaz de fazê-los esquecer seus problemas. E o tipo de moça que as mulheres dizem ser o problema.”

“Ocorreu-me que me aproveitara de mordomias que me levariam ä destruição.”

“Como nossos filhos vão aprender a priorizar os outros se nós não o fazemos?”

“Minha consciência é quase apenas o que me resta.”

“Você não costuma pedir conselhos. Não sobre coisas importantes, pelo menos. Você não pede uma informação. Faz isso para obter de seus admiradores uma prova de que estão prestando atenção.”

“O que é o fim de toda a inocência para você é apenas outra manhã de terça-feira para eles.”

“Sabia que havia grandes milagres esperando que eu os descobrisse, era só encontrar o centro, a fonte de todas essas pequenas maravilhas.”

“Ela adorava música, e então vi que ela tinha razão, porque a vida é extremamente curta e não dá para dançar escutando os assuntos da atualidade.”

“Os problemas são como o oceano – cobrem dois terços do mundo.”

“Percebi que minha história era feita só de finais.”

“Talvez aos vinte anos seja natural ter curiosidade sobre a vida, mas aos trinta simplesmente se deconfia de todo mundo que ainda tem uma.”

“Eu olhava para o futuro em que meu filho teria de viver e percebia que reclamar desse futuro talvez não fosse a estratégia mais construtiva.”

“Eu o admirava bastante. Era um fraco que transformou sua fraqueza em força. Um modelo para perdedores como eu.”

Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mamãe viajando a trabalho

A primeira vez que viajei a trabalho e tive que me separar de minha filhota ela tinha 7 meses. Ela ficou em ótimas mãos sendo cuidada pela vovó, minha mãe, e pelo papai. Mas eu fiquei precisando de colo. Achei hoje o que eu escrevi na época e o texto me emocionou novamente. Talvez porque eu tenha escrito ou só por se tratar da minha jóia, mas tive vontade de compartilhar com vocês. Segue...

Longe de você

Docinho da mamãe você não imagina o tanto que meu coração dói por ficar longe de você... Mamãe teve que viajar a trabalho e pela primeira vez ficar longe desse pedacinho de mim. Chorei muito e não parei de pensar em você um só instante. Tudo que via me lembrava você...

... o nascer do sol me lembrava todas nossas manhãs juntinhas. Quantas vezes vi o espetacular nascer do sol, você em meu ombro, com seus raios deixando todo o mar dourado parecendo um campo de tesouros e o meu maior tesouro nos meus braços, olhinhos cerrados, sonolentos e dengosos;

... mamães amorosas carregando seus bebezinhos no colo me lembravam você, e elas pareciam ter se multiplicado, estavam por todo canto e pareciam me perseguir e aumentar ainda mais minha saudade;

... mas nada me lembrava mais você do que a hora de dormir.. sua pirracinha para nao fechar os olhinhos, sua luta para não se entregar ao sono, os milhões de beijinhos que te dou toda noite, uma musiquinha que canto para te embalhar... AI QUANTA SAUDADE!!!

Bom mesmo foi voltar pra casa, te ver, sentir, cheirar, apertar e beijar muito! Foi uma emoção sem tamanho.

Amor maior do mundo

Li em um blog maravilhoso de uma mãe que com certeza é maravilhosa também. Fiquei encantada com essas palavras pois é tudo que sai do meu coração e eu não sabia dizer.
 Ana Júlia te amo muitoooo!!!

"Sabe, filho. Eu já não gostava tanto do mundo quando você chegou. Mas a cada dia você me convida a olhá-lo de novo – sou eu quem mostra o mundo pra você. Pensando bem, ele é bonito sim. Eu é que não tinha olhado com calma. Obrigada, filho, por suas perguntas bonitas. Elas me fazem repensar e construir tudo de novo."

Fonte http://parafrancisco.blogspot.com  blog lindo que eu passo a ser seguidora nesse exato momento!

terça-feira, 8 de março de 2011

Uai, Uai

Cançãozinha bem mineirinha uai!

"Se um dia acontecer o que estou pensando. O mundo fica escuro e o sol não sai. As grandes cachoeiras vão cair pra cima. No dia em que o mineiro não falar uai.

Um ônibus de Minas outro de Goiás faziam o horário muito apressado, e logo na divisa deram uma trombada e só foi uai pra todo lado.

Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. E só foi uai pra todo lado.

Mineiro de verdade quebra o jejum. Acordando logo cedo ele se sente bem. Eu sempre acordava de madrugadinha. Lavava o pescoço e comia um trem. Depois das cinco horas eu já me perdia. Seguia o caminho junto com meu pai. Voltava a tardinha com os trem no bolso e a cabeça cheia de tanto uai.

Meu caro conterrâneo não me leve a mau. Por essa brincadeira que não tem maldade. Achei por intermédio da palavra uai. A forma mais sincera de dizer saudade. Você que me pergunta uai o quê que é. Depende da maneira que a pergunta sai.

Segundo o dicionário lá da minha terra esse tal de uai quer dizer uai.


Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Esse tal de uai quer dizer uai.

Nasceu um garotinho na rua de riba. O nome que eles deram quase deu inguiço. Deu uma sapituca nos parentes dele. E a cidade inteirinha só falava nisso.

Uai mané Capana que trem doido é esse. Compadre João Ribeiro uai o quê que tem. O filho da Bituca já foi batizado. Joaquim Uai de Oliveira.

Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Joaquim Uai de Oliveira Trem."

Autor desconhecido

Carta de um professor

"Eu lecionei a todos eles...

Tenho ensinado, no ginásio, por dez anos. Durante esse tempo eu lecionei, entre outros, um assassino, um evangelista, um pugilista, um ladrão e um imbecil.

 O assassino era um menino que sentava no lugar da frente e me olhava com seus olhos azuis; o evangelista era o mais popular da escola, era lider dos jogos entre os mais velhos; o pugilista ficava parado perto da janela e, de vez em quando, soltava uma gargalhada abafada que até fazia tremer os gerânios; o ladrão era um coração alegre, diria libertino, sempre com uma canção jocosa em seus lábios; e imbecil, um pequenino animal de olhar macio, dócil, procurando as sombras.

O assassino espera, hoje a morte numa penitenciária do Estado; o evangelista está enterrado, há um ano, no cemitério da Vila; o pugilista perdeu um olho numa briga em HongKong; o ladrão na ponta dos pés, pode ver da prisão, as janelas do meu quarto; o imbecil, de olhar macio, bate com a cabeça na parede forrada de uma cela, no asilo municipal.

Todos eles, um dia, sentaram na minha aula; sentaram e olharam para mim, gravemente, das suas carteiras escuras e usadas. Eu devo ter sido uma grande ajuda para estes alunos... Lhes ensinei o esquema da rima dos sonetos elizabetanos e como colocar em diagrama uma sentença completa...

N. John White
Sillwaner, High School, Oklahooma"

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Deus

"Encontramos Deus no momento em que descobrimos que não precisamos procurar Deus."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

Seres iluminados

"Não personalize Cristo. Não dê uma forma de identidade. Mestres iluminados não têm nada de especial como pessoas. São mais simples do que as pessoas comuns. Qualquer pessoa com um ego forte os olharia como insignificantes ou, mais provavelmente, nem os veria.

Se você for atraído para um professor iluminado, é porque já existe presença bastante em você para reconhecer a presença no outro. Houve muitas pessoas que não reconheceram Jesus ou Buda. A escuridão não consegue reconhecer a luz. Portanto não acredite que a luz está fora de você."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

Padrões mentais para negar o presente

"Você está sofrendo de estresse? Pensa tanto no futuro que o presente está reduzido a um meio de chegar lá? O estresse é causado pelo estar aqui, embora se deseje estar lá, ou seja, estar no presente desejando estar no futuro. É uma divisão que corta a pessoa por dentro. Criar e viver com essa divisão é insano.

O passado toma uma grande parte de sua atenção? Você frequentemente fala e pensa sobre ele, tanto de forma positiva quanto negativa? As grandes coisas que você conquistou, suas experiências ou aventuras, ou as coisas horrorosas que lhe aconteceram, ou talvez que você fez a alguém? Será que seus pensamentos estão gerando culpa, orgulho, ressentimento, raiva, arrependimento ou autopiedade? Então, você está ajudando a acelerar o processo de envelhecimento do seu corpo através da criação de um acúmulo de passado na sua psique. Constate isso observando à sua volta aquelas pessoas que têm uma forte tendência para se apegar ao passado. Morra para o passado a cada instante. Refira-se a ele apenas quando totalmente relevante para o presente. Sinta o poder do momento presente e a plenitude do Ser. Sinta a sua presença.

Você tem preocupações? Tem muitos pensamentos do tipo ´e se?`Você está projetando um futuro imaginário e criando o medo. Não há como enfrentar tal situação porque ela não existe, é um fantasma mental. Você pode parar com essa insanidade que corrói a saúde e a vida aceitando simplesmente o presente. Perceba a sua respiração. Sinta o seu campo interno de energia. Tudo o que você sempre teve que lidar, tudo que teve de enfrentar na vida real, em oposição às projeções imaginárias da mente, é o momento presente. Pergunte-se qual é o seu problema neste exato momento, não no ano que vem, ou amanhã ou daqui a cinco minutos. A resposta, a força, a atitude certa estarão à sua disposição quando você precisar, nem antes, nem depois.

Algum dia vou fazer isso. Seu objetivo está tomando de tal modo a sua atenção que o momento presente é apenas um meio para atingir o fim? Você está esperando para começar a viver? Se você desenvolver esse tipo de padrão mental, não importa o que você adquira ou alcance, o presente nunca será bom o bastante. O futuro sempre parecerá melhor. Uma receita para uma insatisfação permanente.

Você está sempre esperando alguma coisa? Quanto tempo da sua vida você passou esperando?  A espera pelas próximas férias, por um emprego melhor, por alguém que vai chegar, por uma relação significativa, pelos filhos crescerem, pelo sucesso, para ficar rico, para ser importante, para se tornar iluminado. Não é raro que as pessoas passem a vida toda esperando. Esperar é um estado mental que significa basicamente desejar o futuro e não querer o presente. Você não quer o que conseguiu e deseja aquilo que não conseguiu. Essa situação faz você perder o presente.

Essas são algumas estratégias comuns da mente para near o momento presente já incorporadas à inconsciência. Quanto mais você praticar o monitoramento do seu estado interior emocional e mental, mais fácil será perceber em que momento você foi capturado pelo passado e pelo futuro."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

A negatividade

"A negatividade nunca é o melhor caminho pra lidar com qualquer situação. Ela nos paralisa, bloqueando qualquer mudança verdadeira. Qualquer coisa feita com uma energia negativa será contaminada por ela e dará origem a mais sorimento. Além disso, qualquer estado interior negativo é contagioso, a infelicidade se espalha mais rapidamente do que uma doença física. Livre-se da negatividade que seu pensamento criou e que não serve a nenhum propósito."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

Monitore sua mente

"Torne o desconforto consciente. Observe as muitas maneiras pelas quais o descontentamento e a tensão surgem dentro de você, através de julgamentos desnecessários, resistência àquilo que é e a negação do Agora. Qualquer coisa inconsciente se dissolve quando a luz da consciência brilha sobre ela.

Habitue-se a monitorar o seu estado mental e emocional através da auto-observação. Questione: o que está acontecendo dentro de mim neste exato momento? A realidade principal está no seu interior, a realidade externa é secundária. Olhe para dentro de você. Que tipo de pensamentos sua mente está produzindo? O que você sente? Dirija a atenção para o seu corpo: existe alguma tensão? Existem muitos caminhos pelos quais resistimos incoscientemente ao momento presente."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

Luta contra o Agora

"Não se preocupe com o resultado de sua ação, basta dar atenção à ação em si. O resultado surgirá espontaneamente. Ao fim da luta compulsiva contra o Agora, a alegria do Ser passa a fluir em tudo o que fazemos. No momento em que nossa atenção se volta para o Agora, percebemos uma presença, uma serenidade, uma paz. Não dependemos mais do futuro para obtermos plenitude e satisfação, não o olhamos mais como salvação. Consequentemente, não estamos mais presos aos resultados. Nem o fracasso nem o sucesso têm o poder de alterar o estado interior do Ser."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

O apego ao Passado e ao Futuro

"Toda a negatividade é causada pelo acúmulo de tempo psicológico e pela negação do presente. O desconforto, a ansiedade, a tensão, o estresse, a preocupação, todas essas formas de medo são causadas por excesso de futuro e pouca presença. A culpa, o arrependimento, o ressentimento, a injustiça, a tristeza, a amargura, todas as formas de incapacidade de perdão são causadas por excesso do passado e pouca presença.

Muitos acham difícil acreditar na possibilidade de existir um estado de consciência absolutamente livre de toda a negatividade. E até o momento, esse é o estado de liberdade para o qual apontam todos os ensinamentos espirituais. É a promessa de salvação, não em um futuro ilusório, mas bem aqui e agora.

Talvez seja difícil reconhecer que o tempo é a causa do nosso sofrimento ou de nossos problemas. Acreditamos que eles são causados por situações específicas em nossas vidas, e de um ponto de vista convencional, isso é uma verdade. Mas enquanto não lidarmos com a disfunção básica da mente - o apego ao passado e ao futuro e a negação do presente - os problemas apenas mudam de figura. Em última análise, o único problema é a própria mente limitada pelo tempo.

Não há salvação dentro do tempo. Você não pode se libertar no futuro. A presença é a chave para a liberdade. Portanto, você só pode ser livre agora."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

A necessidade de ter sempre razão

"Muitas guerras foram disputadas pela necessidade de estar sempre certo. Inúmeros relacionamentos foram destruídos. Errar é morrer. A necessidade compulsiva e profundamente inconsciente de ter sempre razão é uma forma de violência. Uma vez que não estejamos mais identificados com a mente, não faz a menor diferença para o nosso eu interior estarmos certos ou errados. Você poderá declarar de modo calmo e firme como se sente ou o que pensa a respeito de um assunto, mas sem agressividade ou qualquer sentido de defesa.

Tenha cuidado com qualquer tipo de defesa dentro de você. Está se defendendo de quê? De uma identidade ilusória, de uma imagem de sua mente, de uma entidade fictícia? Sob a luz da sua consciência, o padrão de inconsciência irá se dissolver rapidamente. Esse é o fim de todos os argumentos e jogos de poder, tão prejudiciais aos relacionamentos.

O poder sobre os outros é a fraqueza disfarçada de força. O verdadeiro poder é interior e está à sua disposição agora."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

A doença psicológica do medo

" A razão pela qual não colocamos a mão no fogo não é o medo, e sim a certeza de que vamos nos queimar. Não é preciso ter medo para evitar um perigo desnecessário. Se alguém nos ameaça com fogo, experimentaremos uma sensação como o medo. É uma reação instintiva ao perigo, sem relação com a doença psicológica do medo.

A doença psicológica do medo não está presa a qualquer perigo imediato, concreto e verdadeiro. Manifesta-se de várias formas, tais como agitação, preocupação, ansiedade, nervosismo, tensão, pavor, fobia, etc. Esse tipo de medo psicológico é sempre de alguma coisa que poderá acontecer, não de uma coisa que está acontecendo nesse momento. Você está aqui e agora, ao passo que a sua mente está no futuro. Essa situação cria um espaço de angústia.

Podemos lidar com uma situação no momento em que ela se apresenta, mas não podemos lidar com algo que é apenas uma projeção mental. Não podemos lidar com o futuro. Lembre-se que uma emoção é a reação do corpo à mente. Que mensagem o corpo está recebendo de sua mente? Perigo, estou sob ameaça. E qual é a emoção gerada por essa mensagem permanente? Medo.

O medo será uma companhia constante para qualquer pessoa que esteja identificada com a mente e desconectada do seu verdadeiro poder, o eu profundo enraizado no Ser. Geralmente todas as pessoas que você encontra vivem em um estado permanente de medo. Só o que varia é a intensidade. Ele flutua entre a ansiedade e o pavor numa ponta da escala e um desconfortável, vago e distante sentido de ameça na outra. 
Muitas pessoas só tomam consciência disso quando o medo assume uma de suas formas mais agudas"

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

O poder do Agora

"Às vezes, o momento atual é inaceitável, desagradável ou terrível. Aceite-o, depois aja. O que quer que o momento atual contenha, aceite-o como uma escolha sua. Trabalhe sempre com ele, não contra. Torne um aliado, não seu inimigo. Isso transformará sua vida.

Ao observarmos o mecanismo da mente, escapamos dos padrões de resistência e podemos então permitir que o momento atual exista. Às vezes levamos um choque ao descobrir uma faceta detestável em alguém. Entretanto, é mais importante observar essa situação em nós mesmos. Preste atenção a qualquer sinal de infelicidade em você, pois talvez seja o despertar do sofrimento. Ele pode se manifestar como uma irritação, um sinal de impaciência, um ar sombrio, um desejo de ferir, sentimentos de ira, depressão ou necessidade de criar algum problema em seus relacionamentos.

Quando o sofrimento toma conta de nós, cria uma situação em nossas vidas que reflete a própria frequência de energia da qual ele se alimenta. Sofrimento se alimenta de sofrimento. A inconsciência cria o sofrimento. Assim como não se pode lutar contra a escuridão, não se pode lutar contra o sofrimento. Observar o sofrimento já é o bastante. Aceitá-lo como parte do que existe no momento.

Esteja presente, fique consciente. Vigie seu espaço interior. Agindo assim, o sofrimento não terá força para controlar seu pensamento. Concentre a atenção no sentimento dentro de você. Reconheça que é sofrimento. Aceite que ele esteja ali. Não pense a respeito. Não permita que ele se transforme em pensamento. Não julgue nem analise. Não se identifique ocm ele. Esse é o poder do Agora, da sua própria presença consciente."

 Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

A doença do pensamento

"O pensador compulsivo, ou seja, quase todas as pessoas, vive um estado de aparente isolamento, em um mundo povoado de conflitos e problemas. Se nos identificamos com a mente, criamos uma tela opaca de conceitos, rótulos, imagens, palavras, julgamentos e definições que bloqueia todas as relações verdadeiras. Essa tela se situa entre você e o seu eu interior, entre você e o próximo, entre você e Deus.

Pensar se tornou uma doença. A doença acontece quando as coisas se desequilibram. Quando usamos a mente de forma errada ela se torna destrutiva. Estamos tão identificados com ela que nem percebemos que somos seus escravos. Praticamente todas as pessoas ouvem uma voz o tempo todo dentro da cabeça. São processos involuntários do pensar.

A voz comenta, especula, julga, compara, desculpa, gosta, desgosta, etc. A voz não precisa ser relevante para o momento, pois ela pode estar revivendo o passado ou ensaiando situações futuras. Neste último caso, ela imagina sempre as coisas indo mal e com resultados desfavoráveis. É o que se chama de preocupação. Vemos e julgamos o presente com os olhos do passado e construímos uma imagem totalmente distorcida. Não é raro que a voz se torne o pior inimigo de nós mesmos. Muitas pessoas vivem com um torturador em suas cabeças, que as ataca e pune sem parar. Essa é a causa de muita angústia e infelicidade, assim como de doenças."

Livro: O poder do agora
Autor: Eckhart Tolle

Achei o livro muito pesado e difícil de ler. Possui bons ensinamentos, mas é preciso ´garimpar`. Confesso que custei a chegar à metade do livro e não vou conseguir de terminar essa leitura, o que é raro no meu caso.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Autenticidade

"As mentiras mais devastadoras para a nossa auto-estima não são tanto as que contamos, mas as que vivemos.

Uma das mais dolorosas e perturbadoras experiências da infância, que a maioria das pessoas tende a reprimir, é a percepção de que todos os adultos são mentirosos. Essa percepção pode se transformar numa barreira ao entendimento e à valorização da autenticidade.

Muitos jovens concluem que crescer significa aprencer a aceitar a mentira como algo normal, isto é, aceitar a não realidade como meio de vida. Porém se nos deixarmos dominar pelo medo, se atribuirmos mais importância ao que os outros acreditam do que ao que sabemos ser verdade - se valorizamos o pertencer mais do que o ser - não chegaremos a autenticidade.

Para atingi-la, é necessário coragem e independência, especialmente quando tão poucas vezes encontramos essas qualidades nos outros. Contudo, isso não deve nos deter; se as pessoas autênticas são minoria, também são as mais felizes e as que têm boa auto-estima e sabem amar de verdade."




Livro: Auto-estima
Autor: Nathaniel Branden

Viver responsavelmente

"Homens e mulheres que possuem uma elevada auto-esima têm uma orientação ativa e não passiva perante a vida. Eles assumem plena responsabilidade por conquistar o que almejam. Não esperam pelos outros para realizar seus sonhos.

Se existe um problema, perguntam: ´que posso fazer a respeito? que linhas de ação são possíveis?´. Não se lamentam: ´alguém tem que fazer alguma coisa´. Se algo deu errado, indagam: ´o que me passou despercebido? em que calculei errado?´. Essas pessoas não se permitem entrar em orgias de culpa. Elas aceitam a responsabilidade pela própria existência."

Livro: Auto-estima
Autor: Nathaniel Branden

Alguém se apega a culpa?

"A culpa nos bloqueia em nossa passividade, sem necessidade de gerar novos comportamentos: ´sou culpado, sou uma decepção e sempre fui assim´. Isso pode ser traduzido por ´não espere nada de mim´.

Outra razão é que a infelicidade é familiar, não é agradável, mas é familiar. Quem sabe o que teremos de enfrentar na vida se não tivermos a nossa depressão e a nossa autocensura para nos proteger e isolar? Quem sabe que desafios seremos obrigados a encarar? A miséria pode oferecer seu próprio tipo de aconchego, enquanto a felicidade, ao seu jeito, é muito mais exigente, em termos de consciência, energia, disciplina, dedicação e integridade.

Existem também as pessoas que, quando jovens, são encorajadas por pais insensíveis ou pouco cuidadosos a acreditar que foram más ou inadequadas e que, mesmo como adultos, sentiram-se impelidas da dar razão aos pais - protegendo assim o relacionamento pais-filhos - à custa de sua própria realização e auto-estima. Esse processo pode continuar até mesmo depois que os pais morreram. O drama é interno.

Portanto, é preciso coragem para trabalhar em nossa libertação da culpa. É preciso honestidade, perseverança e um compromisso com a independência - e viver consciente, autêntica, responsável e ativamente."

Livro: Auto-estima
Autor: Nathaniel Branden

Culpa não é virtude

"Um dos piores erros que podemos cometer é diezer a nós mesmos que o sentimento de culpa representa algum tipo de virtude. A rigidez intransigente com nós mesmos não é motivo de orgulho. Ela nos deixa passivos e importentes. Não inspira mudanças, paralisa. Sofrer é talvez a mais simples das atividades humanas; ser feliz é talvez a mais difícil. E a felicidade requer a emancipação da culpa."

Livro: Auto-estima
Autor: Nathaniel Branden

Exercício de auto-absolvição

"Anote de forma clara algum ato pelo qual você se censura. Explique por que considera errado esse ato. Imagine que não foi você, mas um amigo querido que o cometeu. Imagine-se encorajando-o a falar, ajudando-o e orientando-o para a perspectiva e os sentimentos que estão por trás do comportamento. E, então, imagine-se dando o mesmo tratamento.

Se você não está disposto a oferecer essa perspectiva benevolente a si mesmo, é provável que também não a ofereça a mais ninguém. Quando somos irracionalmente rígidos ao julgar o nosso próprio comportamento, em geral, não somos menos rígidos ao julgar o dos outros. A benevolência dirigida a si mesmo e aos outros é uma expressão alimentadora da auto-estima."

Livro: Auto-estima
Autor: Nathaniel Branden

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Contextualizando

"Não podemos melhorar dizendo a nós mesmos que somos imprestáveis. Nossos atos são um reflexo de quem e do que achamos que somos. Portanto, precisamos aprender uma resposta alternativa para as nossas falhas, capaz de ser mais útil à nossa auto-estima e ao nosso comportamento futuro.

Em vez de nos deixarmos cair na autodifamação, podemos perguntar: quais foram as circunstâncias? Por que minhas escolhas ou decisões parecem desejáveis ou necessárias no contexto? O que eu estava tentando conseguir? De que maneira eu estava tentando cuidar de mim mesmo?

Não podemos entender os atos de um ser humano até que entendamos por que eles fazem sentido para a pessoa envolvida."

Livro: Auto-estima
Autor: Nathaniel Branden