segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fernão Capelo Gaivota

"A maior parte das gaivotas não se preocupa em aprender mais do que simples fatos do voo. Para a maioria, o importante não é voar mas comer. Para esta gaivota, contudo, o importante não era comer, mas voar.

- Porque é que te custa tanto para ser como o resto do bando?
- Eu só quero saber o que posso fazer no ar e o que não posso.
- Não esqueças que a razão por que voas é comer.

Fernando, feliz, aprendendo. Trabalhando até ao limite da sua capacidade."

"O fracasso pesava-lhe ainda mais nas costas. Desejou que o peso fosse o bastante para o arrastar docemente até ao fundo e acabar para sempre. Não há nada a fazer. Minha naturez limita-me.

Sentiu-se melhor depois da decisão de ser apenas mais um dos do  bando. De aí em diane não havera mais laços  prendê-lo à força que o levara a aprender, não haveria mais desafios nem fracassos. E era bom deixar de pensar."

"... não sentia remorsos por não cumprir as promessas que fizera a si próprio. Quem conseguiu chegar à excelência da sua aprendizagem não tem necessidade desse tipo de promessas. Treinava outra vez.

Ele estava vivo, ligeiramente trêmulo de prazer, orgulhoso de que seu medo estivesse dominado. Mas a velocidade era poder, e era alegria e beleza pura. Na sua mente latejava o triunfo. ... dispos-se imediatamente a descobrir como virar."

"Não quero honras. Não me interessa ser chefe. Só quero partilhar o que descobri, mostrar a todos esses horizontes que estão à nossa frente."

"Quem é mais responsável do que uma gaivota que descobre e desenvolve um significado, um propósito mais elevado na vida? ... agora temos uma razão para viver, para aprender, para descobrir, para sermos livres!

... não lamentava o preço que pagara por isso. Descobriu que o tédio, o medo e a ira são as razões porque a vida de uma gaivota é tão curta e, sem isso a perturbar-lhe o pensamento, viveu de fato uma vida longa e feliz."

"Acabou-se uma escola e chegou a altura de começar outra. Ele podia voar mais alto e era tempo de ir para casa. Lançou um último longo olhar pelo céu, por aquela magnífica terra prateada onde aprendera tanto. Então o paraíso é isto...

Em realidade, era o mesmo Fernão Capelo Gaivota que sempre vivera por detrás dos olhos dourados. Só a forma exterior que se modificara. Era como o corpo de uma gaivota, mas voava muito melhor do que o antigo jamais voara. "

"No Paraíso, pensou, não devia haver limites. Novas paragens, novos pensamentos, novas perguntas. Porqueê tão poucas gaivotas? E porque é que de repente, fiquei tão cansado? As gaivotas no Paraíso nunca devem cansar-se, nem dormir.

A lembrança da sua vida, na Terra sumia-se. A Terra fora um lugar onde aprendera muito, é certo, mas os pormenores estavam esmaecidos."

"Neste lugar havia tanto para aprender acerca do voo como houvera na vida que deixara para trás. Mas com uma diferença. Aqui havia gaivotas que pensavam como ele. Para cada uma delas o mais importante na vida era olhar em frente e alcançar a perfeição naquilo que mais gostavam de fazer."

"- Onde estão os outros? Porque somos tão poucos aqui?
- A única resposta que encontro, Fernão, é que tu és um daqueles pássaros que se encontram num milhão. Quase todos nós percorremos um longo caminho. Fomos de um mundo para o outro, que era praticamente igual ao primeiro, esquecendo logo de onde viéramos, não nos preocupando para onde íamos, vivendo no momento presente. Tens alguma idéia de por quantas vidas tivemos que passar até chegarmos a ter a primeira intuição de haver na vida algo mais do que comer, ou lutar, ou ter uma posição importante dentro do Bando?... até começarmos a aprender que há uma coisa chamada perfeição e para nos convencermos de que o nosso objetivo na vida é encontrar essa perfeição e levá-la ao extremo. Escolheremos o nosso próximo mundo através daquilo que aprendemos neste. Não aprender nada significa que o próximo mundo será igual a este, com as mesmas limitações e pesos de chumbo a vencer.

- Mas tu, Fernão, aprendeste tanto de uma só vez que não tiveste de passar por mil vidas para chegar a esta."

Livro: Fernão Capelo Gaivota
Autor: Jonathan Seagull, Richard Bach

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