segunda-feira, 28 de março de 2011

Citações PEQUENA ABELHA

“A pessoa viaja de um lado para o outro tentando sair da sombra da nuvem e nada dá certo, e então um dia percebe que vinha carregando o tempo escuro consigo.”

“Entregou-se por completo à tristeza, daquela maneira que só as crianças pequenas e os super-heróis sabem fazer – daquela maneira dos que sabem que a infelicidade é um buraco sem fundo, que é insaciável – daquela maneira honesta.”

“Todos nós estamos tentando ser livres neste mundo. Liberdade para uma garota como eu é chegar viva ao fim de cada dia.”

“Nosso futuro se esconde da luz, mas o povo de vocês chega lá com um grande talento para adivinhar onde está... E a fração mais leve de todas – os nosso sonhos fantásticos de crianças nas horas mais sossegadas das noites de lua cheia... nossos sonhos vão manter vocês aquecidos."

“Vocês não enxergam o presente e nós não enxergamos o futuro. Não se pode enxergar além do dia porque vocês levaram o amanhã. E porque vocês têm o amanhã diante de seus olhos, não enxergm o que está sendo feito hoje”

“ – Ele é bandido ou mocinho?
 - Metade das pessoas pensa que ele é bandido e a outra metade pensa que é mocinho.
 - Isso é besteira.
- Isso é democracia – disse eu – Se vocês não a tivessem, iriam querer ter.”

“Não posso fugir outra vez. Não tenho para onde ir. Descobri a pessoa que sou e não gosto dela. Sou igual a você. Tentei me salvar. Diga, por favor, onde fica o amparo para isso.”

“Trabalho para o governo. Fazer realmente alguma coisa é um equívoco que somos treinados para evitar.”

“Não é triste, a gente crescer? Começamos com meu Charlie. Pensando que podemos matar todos os bandidos e salvar o mundo. Depois ficamos adolescentes e percebemos que uma parcela da maldade do mundo está dentro de nós, que talvez sejamos parte dessa maldade. E então ficamos ainda mais velhos, e mais à vontade, e começamos a nos perguntar se aquela maldade que vimos em nós é realmente tão má assim, afinal. E começamos a falar em dez por cento.”

“Vocês vivem num mundo de máquinas e sonham com o que tem carne e osso. Nós sonhamos com máquinas porque vemos o que os que têm carne e osso fazem conosco.”

“Se você não pode ler as coisas bonitas que acontecem na vida de alguém, por que se importaria com suas tristezas?”

“Entendi então por que a polícia não anda armada num país civilizado, eles matam você com um clique.”


Colonização na visão de um índio

“Vocês não diriam país em desenvolvimento se não acreditassem que nos deixaram um futuro no qual pudéssemos nos desenvolver. 

Na realidade, o que vocês nos deixaram mesmo foram seus objetos abandonados. Quando vocês pensam em meu continente, talvez pensem na vida selvagem – nos leões e nos macacos. Quando penso nele, penso em todas as máquinas quebradas, nas coisas gastas, estragadas, despedaçadas e rachadas. Sim, nós temos leões. Eles estão dormindo nos tetos de contêineres enferrujados. E os macacos? Estão brincando em cima de uma montanha de computadores velhos que vocês mandaram para ajudar em nossa escola – a escola que não tem eletricidade. 

Do meu país vocês tiraram o futuro e para o meu país vocês mandaram os objetos de seu passado. Não temos a semente, temos a casca... esse foi o lugar onde cresci, onde até os missionários fecharam com tábuas as portas e janelas de sua missão e nos deixaram com os livros santos, que não valiam a despesa de ser despachados de volta para seu país. 

Em nossa aldeia, na única Bíblia existente faltavam todas as páginas depois do versículo 46 do capítulo 27 de Mateus, de modo que a conclusão de nossa religião, o máximo que qualquer um de nós sabia era: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? E era assim que vivíamos, felizes e sem esperança. 

Eu era muito nova então, e não sentia falta de ter um futuro porque não sabia que tinha direito a um.”

Esse pequeno trecho não se trata de colonização, muito menos foi escrito por um índio no Brasil. Dá para perceber por causa das máquinas e computadores? Mas e o restante? A semelhança é tanta que poderia ter sido. Essa história se passa na África, contada por uma nigeriana refugiada durante a gerra pelo petróleo em seu país.

Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

sábado, 26 de março de 2011

Envolvente Livro Pequena Abelha

Esse livro me envolveu do início ao fim, tanto pelo mistério que ele contém, quanto pela tristeza e esperança que ele traz a tona a todo momento. É um desses livros que não dá vontade de parar de ler.

Não é um livro alegre, é pesado e bem chocante, mas traz sem dúvida nenhuma muita sabedoria. Vou colocar algumas frases "soltas" dele e alguns trechos que eu mais gostei. Obrigada Márcia por ter me dado esse verdadeir presente. Para quem se animar já aviso que o desafio nele é passar do primeiro capítulo, que é bem chato, mas do segundo em diante é só se deliciar com essa leitura.


“Foi horrível para mim não ajudar o homem, mas eu estava dividida, oscilando entre dois tipos de vergonha. Por um lado, a vergonha de não cumprir uma obrigação humana. Por outro, a loucura de ser a primeira de uma muldidão a ousar um gesto.”

“- Isso nunca mais vai acabar, não é Abelhinha?
- Por mais tempo que a lua desapareça, um dia ela brilha outra vez. As chuvas de abril trazem as flores de maio.”

“Existem coisas que os homens podem lhe fazer nesta vida, eu lhe garanto, que seria muito melhor se você se matasse antes.”

“A vida tirou as bençãos de mim e de tu numa ordem diferente, foi só isso.”

“Agora nós temos que cuidar da nossa cabeça.”

“De onde nós viemos, nós não temos paz, mas tem um que cochicha daqui, outro que cochicha dali. Mas aqui o problema é o contrário. A gente tem paz, mas não tem informação.”

“Você pode até não gostar de uns pedaços dela, mas não deixa de ser tudo parte de sua vida.”

“Não temos as coisas de que precisamos – nossos filhos, por exemplo - , mas somos capazes de tirar proveito de tudo que temos.”

“Esse é o problema da felicidade – ela é toda construída em cima de alguma coisa que os homens querem.”

“Teria que explicar como foi possível me afogar num rio de gente e ao mesmo tempo me sentir tão imensamente sozinha.”

“As coisas comuns seriam as mais difíceis, percebi.”

 “Era uma moça muito bonita, o tipo de moça que os homens dizem ser capaz de fazê-los esquecer seus problemas. E o tipo de moça que as mulheres dizem ser o problema.”

“Ocorreu-me que me aproveitara de mordomias que me levariam ä destruição.”

“Como nossos filhos vão aprender a priorizar os outros se nós não o fazemos?”

“Minha consciência é quase apenas o que me resta.”

“Você não costuma pedir conselhos. Não sobre coisas importantes, pelo menos. Você não pede uma informação. Faz isso para obter de seus admiradores uma prova de que estão prestando atenção.”

“O que é o fim de toda a inocência para você é apenas outra manhã de terça-feira para eles.”

“Sabia que havia grandes milagres esperando que eu os descobrisse, era só encontrar o centro, a fonte de todas essas pequenas maravilhas.”

“Ela adorava música, e então vi que ela tinha razão, porque a vida é extremamente curta e não dá para dançar escutando os assuntos da atualidade.”

“Os problemas são como o oceano – cobrem dois terços do mundo.”

“Percebi que minha história era feita só de finais.”

“Talvez aos vinte anos seja natural ter curiosidade sobre a vida, mas aos trinta simplesmente se deconfia de todo mundo que ainda tem uma.”

“Eu olhava para o futuro em que meu filho teria de viver e percebia que reclamar desse futuro talvez não fosse a estratégia mais construtiva.”

“Eu o admirava bastante. Era um fraco que transformou sua fraqueza em força. Um modelo para perdedores como eu.”

Livro: Pequena Abelha
Autor: Chris Cleave

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mamãe viajando a trabalho

A primeira vez que viajei a trabalho e tive que me separar de minha filhota ela tinha 7 meses. Ela ficou em ótimas mãos sendo cuidada pela vovó, minha mãe, e pelo papai. Mas eu fiquei precisando de colo. Achei hoje o que eu escrevi na época e o texto me emocionou novamente. Talvez porque eu tenha escrito ou só por se tratar da minha jóia, mas tive vontade de compartilhar com vocês. Segue...

Longe de você

Docinho da mamãe você não imagina o tanto que meu coração dói por ficar longe de você... Mamãe teve que viajar a trabalho e pela primeira vez ficar longe desse pedacinho de mim. Chorei muito e não parei de pensar em você um só instante. Tudo que via me lembrava você...

... o nascer do sol me lembrava todas nossas manhãs juntinhas. Quantas vezes vi o espetacular nascer do sol, você em meu ombro, com seus raios deixando todo o mar dourado parecendo um campo de tesouros e o meu maior tesouro nos meus braços, olhinhos cerrados, sonolentos e dengosos;

... mamães amorosas carregando seus bebezinhos no colo me lembravam você, e elas pareciam ter se multiplicado, estavam por todo canto e pareciam me perseguir e aumentar ainda mais minha saudade;

... mas nada me lembrava mais você do que a hora de dormir.. sua pirracinha para nao fechar os olhinhos, sua luta para não se entregar ao sono, os milhões de beijinhos que te dou toda noite, uma musiquinha que canto para te embalhar... AI QUANTA SAUDADE!!!

Bom mesmo foi voltar pra casa, te ver, sentir, cheirar, apertar e beijar muito! Foi uma emoção sem tamanho.

Amor maior do mundo

Li em um blog maravilhoso de uma mãe que com certeza é maravilhosa também. Fiquei encantada com essas palavras pois é tudo que sai do meu coração e eu não sabia dizer.
 Ana Júlia te amo muitoooo!!!

"Sabe, filho. Eu já não gostava tanto do mundo quando você chegou. Mas a cada dia você me convida a olhá-lo de novo – sou eu quem mostra o mundo pra você. Pensando bem, ele é bonito sim. Eu é que não tinha olhado com calma. Obrigada, filho, por suas perguntas bonitas. Elas me fazem repensar e construir tudo de novo."

Fonte http://parafrancisco.blogspot.com  blog lindo que eu passo a ser seguidora nesse exato momento!

terça-feira, 8 de março de 2011

Uai, Uai

Cançãozinha bem mineirinha uai!

"Se um dia acontecer o que estou pensando. O mundo fica escuro e o sol não sai. As grandes cachoeiras vão cair pra cima. No dia em que o mineiro não falar uai.

Um ônibus de Minas outro de Goiás faziam o horário muito apressado, e logo na divisa deram uma trombada e só foi uai pra todo lado.

Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. E só foi uai pra todo lado.

Mineiro de verdade quebra o jejum. Acordando logo cedo ele se sente bem. Eu sempre acordava de madrugadinha. Lavava o pescoço e comia um trem. Depois das cinco horas eu já me perdia. Seguia o caminho junto com meu pai. Voltava a tardinha com os trem no bolso e a cabeça cheia de tanto uai.

Meu caro conterrâneo não me leve a mau. Por essa brincadeira que não tem maldade. Achei por intermédio da palavra uai. A forma mais sincera de dizer saudade. Você que me pergunta uai o quê que é. Depende da maneira que a pergunta sai.

Segundo o dicionário lá da minha terra esse tal de uai quer dizer uai.


Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Esse tal de uai quer dizer uai.

Nasceu um garotinho na rua de riba. O nome que eles deram quase deu inguiço. Deu uma sapituca nos parentes dele. E a cidade inteirinha só falava nisso.

Uai mané Capana que trem doido é esse. Compadre João Ribeiro uai o quê que tem. O filho da Bituca já foi batizado. Joaquim Uai de Oliveira.

Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Uai, uai, uai, uai. Joaquim Uai de Oliveira Trem."

Autor desconhecido

Carta de um professor

"Eu lecionei a todos eles...

Tenho ensinado, no ginásio, por dez anos. Durante esse tempo eu lecionei, entre outros, um assassino, um evangelista, um pugilista, um ladrão e um imbecil.

 O assassino era um menino que sentava no lugar da frente e me olhava com seus olhos azuis; o evangelista era o mais popular da escola, era lider dos jogos entre os mais velhos; o pugilista ficava parado perto da janela e, de vez em quando, soltava uma gargalhada abafada que até fazia tremer os gerânios; o ladrão era um coração alegre, diria libertino, sempre com uma canção jocosa em seus lábios; e imbecil, um pequenino animal de olhar macio, dócil, procurando as sombras.

O assassino espera, hoje a morte numa penitenciária do Estado; o evangelista está enterrado, há um ano, no cemitério da Vila; o pugilista perdeu um olho numa briga em HongKong; o ladrão na ponta dos pés, pode ver da prisão, as janelas do meu quarto; o imbecil, de olhar macio, bate com a cabeça na parede forrada de uma cela, no asilo municipal.

Todos eles, um dia, sentaram na minha aula; sentaram e olharam para mim, gravemente, das suas carteiras escuras e usadas. Eu devo ter sido uma grande ajuda para estes alunos... Lhes ensinei o esquema da rima dos sonetos elizabetanos e como colocar em diagrama uma sentença completa...

N. John White
Sillwaner, High School, Oklahooma"