segunda-feira, 25 de abril de 2011

Aprendendo novamente

"- Este mundo não é o Paraíso, pois não?
- Tu estás aprendendo outra vez, Fernão Gaivota.
- Não, Fernão, não há tal lugar. O Paraíso não é  um lugar nem um tempo. O Paraíso é ser perfeito. Começarás a  aproximar-te do Paraíso no momento que alcançares a velocidade perfeita. E isso não é voar a mil e quinhentos quilômetros, nem a um milhão, nem voar à velocidade da luz. Porque nenhum número é um limite e a perfeição não tem limites. A velocidade perfeita, meu filho, é estar ali."


"As gaivotas que desprezam a perfeição por amor ao movimento não chegam a parte alguma, devagar. As que ignoram o movimento por amor à perfeição chegam a toda a parte, instantaneamente. O Paraíso não é um lugar nem um tempo, porque lugar e tempo não significam nada."


" - Para voares à velocidade do pensamento, para onde quer que seja, deves começar por saber que já chegaste. O truque estava em Fernão deixar de se ver aprisionado dentro de um corpo limitado. Estava em saber que a sua verdadeira natureza vivia tão perfeita como um número não escrito, em toda a parte e ao mesmo tempo, através do espaço e do tempo."


"Tu tens menos medo de aprender do que qualquer outra gaivota que conhece em dez mil anos. Podemos começar a trabalhar com o tempo, até poderes voar o passado e o futuro. E então estarás preparado para começar com o mais difícil, o mais potente e divertido de tudo. Estarás preparado para voar no além  e conhecer o significado das palavras bondade e amor."


"Aprendera sempre depressa... nunca deixarem de aprender, de treinar e de lutar por compreenderem cada vez melhor o perfeito e invisível princípio de toda a vida. Continua trabalhando no amor, Fernão."


"Se ele tivesse sabido que havia só um décimo, um centésimo do que aprendera aqui, como a vida teria sido mais válida!"



"Quanto mais Fernão treinava seus exercícios de bondade, quanto mais trabalhava para compreender a natureza do amor, mais desejava regressar à Terra. Porque, apesar do seu passado solitário, Fernão Gaivota nascera instrutor, e a sua maneira de demonstrar o amor era dar alguma da verdade que ele próprio descobrira a uma gaivota que apenas pedisse uma oportunidade para vislumbrar essa verdade."

"- Fernão, tu foste Banido uma vez. O que é que te leva a pensar que alguma das gaivots do teu tempo te ouviriam agora? Tu conheces o provérbio, que é bem verdade: vê mais longe a gaivota que voa mais alto...Elas estão a mil e quinhenos quilometros do Paraíso, e dizes tu que lhes queres mostra o Paraíso, de onde estão! Elas nem vêem a própria ponta das asas! Fica aqui. Fica aqui ajudando as novas gaivotas, essas que estão suficientemente cultivadas para compreenderem o que lhes tens a dizer."

"... ele não podia impedir-se de pensar que talvez houvesse uma ou duas gaivotas na Terra que também pudessem aprender."

"- Acho que vou sentir a tua falta, Fernão.
- Não sejas tonto! Afinal o que é que estamos treinando todos os dias? Se a nossa amizade depende de coisas como o espaço e o tempo, então , quando finalmente ultrapassarmos o espaço e o tempo, teremos destruído a nossa fraternidade! Mas ultrapassado o espaço, tudo o que nos resta é Aqui. Ultrapassado o tempo, tudo que nos resta é Agora. E entre Aqui e Agora não crês que poderemos ver-nos uma ou duas vezes?"




Livro: Fernão Capelo Gaivota
Autor: Jonathan Seagull, Richard Bach

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