terça-feira, 8 de março de 2011

Carta de um professor

"Eu lecionei a todos eles...

Tenho ensinado, no ginásio, por dez anos. Durante esse tempo eu lecionei, entre outros, um assassino, um evangelista, um pugilista, um ladrão e um imbecil.

 O assassino era um menino que sentava no lugar da frente e me olhava com seus olhos azuis; o evangelista era o mais popular da escola, era lider dos jogos entre os mais velhos; o pugilista ficava parado perto da janela e, de vez em quando, soltava uma gargalhada abafada que até fazia tremer os gerânios; o ladrão era um coração alegre, diria libertino, sempre com uma canção jocosa em seus lábios; e imbecil, um pequenino animal de olhar macio, dócil, procurando as sombras.

O assassino espera, hoje a morte numa penitenciária do Estado; o evangelista está enterrado, há um ano, no cemitério da Vila; o pugilista perdeu um olho numa briga em HongKong; o ladrão na ponta dos pés, pode ver da prisão, as janelas do meu quarto; o imbecil, de olhar macio, bate com a cabeça na parede forrada de uma cela, no asilo municipal.

Todos eles, um dia, sentaram na minha aula; sentaram e olharam para mim, gravemente, das suas carteiras escuras e usadas. Eu devo ter sido uma grande ajuda para estes alunos... Lhes ensinei o esquema da rima dos sonetos elizabetanos e como colocar em diagrama uma sentença completa...

N. John White
Sillwaner, High School, Oklahooma"

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