Todos podem ser Contadores de Histórias

A leitura é o centro de todo um processo que não começa quando se abre a primeira página e nem tampouco se encerra no fechamento do livro.

O livro poderá ser ampliado para ser um livro gigante onde todos possam ler em conjunto, ou ser apresentado em um cineminha. Formas inusitadas de ler encantarão as crianças.

O contador deve ser encantador, ter graça, prender a atenção da platéia. E, ao contrário do que a maioria acha, ser um bom contador de história é muito mais técnica do que dom.

O USO DA VOZ

A voz é a ferramenta maior do contador de histórias.... deve se assegurar de que todas pessoas o estão entendendo. Sua voz deve ser clara, com boa dicção.

A voz deve ser de bom volume; não pode ser baixa, a ponto de necessitar esforço para escutá-la, e não deve ser muito alta, o que irrita e tira o momento de cumplicidade que o narrador e os ouvintes devem ter.

A entonação, mais grave ou aguda, permite compor uma série de personagens . As crianças adoram ouvir a voz estridente da bruxa e a voz 'grossona' do urso. A combinação dos elementos velocidade e volume também passam emoções: uma voz ligeiramente mais alta e mais rápida passa momentos de perigo; uma voz um pouco mais baixa do que a narração normal e um pouco mais devagar, passa um sentimento de suspense, de segredo. Usar esses artifícios muito simples dá colorido à narração.

POSTURA FACIAL E CORPORAL

A voz  evidentimente não vem sozinha; ela vem acompanhada de todo um corpo e ele precisa falar a mesma 'linguagem'. Os gestos devem ser comedidos e utilizados somente quando a história permitir, sendo que nestes momentos podem ser exagerados: abrir os braços para mostrar que algo é bem vindo, pôr as mãos na cabeça em sinal de susto, abraçar-se para mostrar aconchego, etc.

A expressão facial também deve ser cuidada, e para isso deve-se treinar na frente do espelho, pois o fato de estarmos 'sentindo' uma emoção não assegura que a estamos transmitindo.

RECURSOS AUXILIARES

Existem narradores habilidosos capazes de prender a atenção de uma platéia sem  usar qualquer recurso. A maioria das pessoas podem chegar a isso com dedicação e treino. Porém, o uso de recursos auxiliares é muito útil para aumentar a atenção da platéia, pois colaboram com a sua graça e colorido. Na verdade, eles não passam de brinquedos manuseados por adultos, para deleite das crianças, por isso elas adoram. São fantoches, marionetes, bocões, maquetes, teatro de sombras, etc, que ajudam a contar histórias.

... um chapéu de fada, um manto do rei, as crianças poderão beber um pouco do mel do ursinho, todos poderão cheirar o terrível gás de hortelã que sai das narinas do dragão, ... A receita não é difícil: imaginação, um pouco de irreverência, descontração e bom humor. É fácil encantar as crianças, elas são simples e se divertem muito com essas pequenas coisas.

Livro: Além do encantamento