quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ser sensível

Como processos intuitivos, os processos de criação interligam-se intimamente com o nosso ser sensível. Mesmo no âmbito conceitual ou intelectual, a criação se articula principalente através da sensibilidade.

Inata  ou até mesmo inerente à constituição do homem, a sensibilidade não é peculiar somente à artistas ou alguns poucos privilegiados. Ela e patrimônio de todos os seres humanos. Ainda que em diferentes graus ou talvez em áreas sensíveis diferentes.

A sensibilidade é  uma porta de entrada das sensações. Representa uma abertura constante ao mundo e nos liga de modo imediato ao acontecer em torno de nós. Uma grande parte da sensibilidade, a maior parte talvez, permanece vinculada ao inconsciente. A ela pertencem as reações involuntárias do nosso organismo, bem como todas as formas de auto-regulagem. Uma outra parte porém, chega ao nosso consciente. Ela chega de modo articulado, isto é, em formas organizadas. É a nossa percepção. Abrange o ser intelectual, pois a percepção é a elaboração mental das sensações.

A percepção delimita o que somos capazes de sentir e compreender; corresponde a uma ordenação seletiva dos estímulos e cria uma barreira entre o que percebemos e o que não percebemos. Articula o mundo que nos atinge, o mundo que chegamos a conhecer e dentro do qual nos conhecemos. Articula o nosso ser dentro do não-ser.

A percepção permite que, ao apreender o mundo, o homem apreenda também o próprio ato de apreensão; permite que, apreendento, o homem compreenda.

Livro: Criatividade e Processos de Criação - Fayga

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