quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Velha chata


“O velho sempre bonzinho é um mito, a velhinha doce pode ser comum nos livros de história, mas na realidade é muito diferente. Eventualmente o velho pode ser um algoz, exercendo sobre a família a famosa tirania do mais fraco, do doente, da criança mimada.

Algumas pessoas, envelhecendo, se tornam insuportavelmente exigentes, lamuriosas, difíceis de conviver.  Apegadas a um passado com bens, presenças, aparências e atividades que não podem mais ter, não se conformam.

Nem sempre os velhos ficam isolados porque os filhos são ingratos. Muitas vezes é ele que afasta os demais, com sua permanente crítica a tudo e a todos,  suas exigências de atenções nem sempre possíveis.
‘O problema dos velhos é que lhes falta o que fazer, faltam interesses” a gente diz como se fosse uma inevitabilidade. Não é inevitável. Porque o velho não pode ter a sua vontade enquanto for independente, enquanto tiver lucidez?

Novos afetos são possíveis a qualquer idade. Nem mesmo amor, ternura e sensualidade são privilégio dos moços. Mas muitas vezes não lhe permitem a mínima independência, ainda que ela seja totalmente viável.
Essa é a sentença condenatória: na sua idade, na minha idade."

Livro: Perdas e Ganhos
Autor: Lya Luft   

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