segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O pessimista, o otimista e o sensato


“Em plena juventude ela tentou se matar. Despertando no hospital deparou com uma enfermeira que a interpelou: - Mas por quê? Ela respondeu , sucinta, lúcida, plena de sua própria dor: -Sem esperança.

Todos conhecemos esses dias sem horizonte à vista. A experiência nos ensina que eles passam, a não ser que estejamos doentes ou sejamos ferrenhos pessimistas por natureza ou formação.
Ser mais ou menos otimista depende de criação, ambiente familiar, disposição genética, situações do momento. Claro que ter confiança quando se está contente é fácil. Mas não somos só nossa circunstância, somos também nossa essência.

O grande pessimista colhe todas as notícias ruins do jornal e manda aos amigos cada manhã; acha que o ser humano não presta mesmo, o mundo é mero palco de guerras e corrupção. O excessivamente otimista acha que a realidade é a das novelas e dos sonhos adolescentes, das modas, das revistas, da praia, do clube. O sensato (não o sem graça, não o chato) sabe que o ser humano não é grande coisa, mas gosta dele; que a vida é luta, mas quer vivê-la bem; que existem – além de injustiça, traição e sofrimento – beleza e afetos e momentos de esplendor. Que se pode confiar sem ser a toda hora traído por quem se ama.”


Livro: Perdas e Ganhos
Autor: Lya Luft  

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