quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pais, Filhos e Netos

Esse texto é perfeito para quem é Pai ou pensa em ser e, até mesmo para quem acha que não deve ser....
Para quem tem certeza que não será pai possa entender um pouco o que nós que já somos sentimos dentro desse peito apertado de tanto amor, emoção, sentimentos. Chorei compulsivamente com esse texto.

"Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre, e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente.

Um dia sentam-se perto de você e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criaturinha. Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil...

E você está agora ali, na porta da discoteca esperando que ela não apenas cresça, mas apareça! Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes, sobre patins e cabelos longos, soltos. Entre hamburgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração. Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados.

Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não repitam.

Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e  passaram para o volante de suas próprias vidas.

Deveríamos ter ido mais a cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores.

Não os levamos o suficientemente em parques, não lhe demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.

No princípio subiam a serra ou iam a casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Ah sim, haviam as brigas no carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e as cantorias sem fim.

Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados. Os pais enfim ficaram exilados dos filhos. Tinham o sossego que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes".

Chega o momento que só resta ficar de longe, torcendo e rezando muito para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade e que a conquistem do modo mais completo possível (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar).

O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolávelmente carinho. Os netos são a última oportunidade de re-editar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais antes que eles cresçam .

APRENDEMOS A SER FILHOS DEPOIS QUE SOMOS PAIS...
SÓ APRENDEMOS A SER PAIS DEPOIS QUE SOMOS AVÓS!"

Autor: Afonso Romano de Sant' Ana


Nada melhor do que uma imagem da minha própria família, pais, filhos e neta para ilustrar esse magnífico texto. Engraçado como passa um filme sobre toda minha infância e adolescência e como dói meu coração de imaginar que passarei por tudo isso ... bem que minha mãe me avisou. Como é perfeito sermos pais, coisa divina, sentimento inexplicável. Esse texto tenta passar, e muito bem, a essência do ser pai, mas só tenta pois é impossível saber sem o ser.  Agora mesmo tem uma baixinha branquela no meio das minhas pernas puxando meu teclado pedindo um pouco de atenção... claro que vou sair da internet e encher ela de beijos e carinhos, molhados de tanta lágrima...

Um comentário:

Fada's disse...

Expetacular esse texto! E realmente passa um filme. nós que já temos esse amor todo no peito. eu só peço a D-us que o tempo passe bem devagarzinho e que eu consiga dar tantos beijos possíveis a cada dia, pq no outro dia tem mais beijos...rs Que aproveite bem cada momento dessas pestinhas, pq passa tão rápido!!! É um presente divino poder sentir esse amor inexplicável no coração! Amei o blog, vou passar sempre por aqui...rs
bjs