domingo, 22 de setembro de 2013

Lindo texto!

As pessoas nos vêem de um jeito diferente do que nós realmente somos, a vida nos faz entender coisas que antes eram insignificantes, e de um dia para outro tudo pode mudar, ninguém manda no destino. Já perdi meu tempo tentando me explicar para as pessoas, tentando me olhar com seus olhos e suas críticas. Hoje entendo que não sou tão bom e nem tão mal assim, sei bem o que sou e pra onde desejo ir, e com quem desejo viver o resto dos meus dias. Vou deixar que digam e que pensem, pois ninguém pode mudar o mundo que vou construindo pouco a pouco, e só eu que posso faze-lo melhor ou pior! Vou continuar assim, sempre sorrindo, me emocionando quando sentir vontade, admirar pessoas, lugares, histórias, tendo coragem, medo. Não quero ser perfeito, só quero que aquele alguém confie em mim independente de qualquer coisa, que eu possa me sentir amado e continuar amando como nunca.

Eu andava distraída, impaciente, e com poucos amigos. Eu estive dançando no vale das sombras, eu quase nunca sorria, eu nunca me divertia de verdade, me contentava com aquelas alegrias momentâneas, aquelas que nunca eram reais, aquelas no estilo Cinderela o encanto sempre acabava a meia noite. Mas uma manhã dessas eu acordei e vi meus olhos no espelho, eu estava tão puro. Sorri. Me amei naquele momento, e aprendi não posso mais viver sem mim. Não quero aquele que eu fingia ser, quero ser apenas eu mesmo.

Um dia você, aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi quebrado, o mundo nunca pára pra que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar que realmente é forte e que pode ir muito mais longe. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida. Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

Texto: Fillipe Morais.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Bagunça dos filhos, como resolver este problema?

Pais peço que parem um minutinho o que estão fazendo. Pensem em toda a bagunça que seus filhos pequenos fazem, em quanto caos vocês se deparam diariamente em casa? Quanto tempo perdem arrumando a bagunça que seus filhos fazem? Isso realmente incomoda você?

Então feche os olhos. Respire fundo. Reabra lentamente, mas agora não será mas seu olhar e sim um olhar de uma criança.

Parou para pensar que a bagunça de seu filho para ele é só brincadeira e mundo da fantasia? Quantas vezes antes de recriminar e pedir que ele arrumasse tudo você parou para fazer uma pergunta simples:

- O que está fazendo?

Com certeza vocês se surpreenderiam com as respostas e, muita coisa poderia ser diferente. Em vez de gritos, mandos e desmandos, - Arruma isso agora! - Não é assim que se brinca! - Não derruba tudo! - Se não guardar toda essa bagunça vai ficar de castigo!, talvez você pudesse brincar junto, entrar nesse maravilhoso mundo da fantasia, criar laços eternos com seus filhos e lembranças inesquecíveis.

A bagunça se arruma depois, nem é tanto tempo assim que você "perde" e ainda pode aproveitar para ensinar a seu filho a importância de arrumarem juntos depois que a diversão acabar. Roupa suja é só lavar, e se não tiver mais jeito pode virar a roupa da arte. Seja criativo e antes de mais nada escute seu filho.

Bagunça não é problema, é diversão. A forma como nós adultos vemos a desordem da casa é que poderia ser diferente.

Abaixo alguns exemplos e fotos de situações que aconteceram comigo e com minha filha e agradeço a Deus toda paciência que tive para perguntar o que era aquilo, o que ela estava fazendo ou o que tinha criado. São momentos mágicos que vocês verão agora.

Ah, porque escrevi esse texto? Porque hoje meu sofá se transformou no navio pirata e navegamos muito, isso me fez lembrar da primeira vez que me deparei com uma bagunça fenomenal.

Um dia, logo após a Ana Julia aprender a andar, eu estava cozinhando e a todo momento ela me interrompia e pegava coisas na cozinha. Sempre perguntava o que ela estava fazendo e ela só respondia, uma surpresa. Como não podia largar o fogão não dei muita ideia, mas estava curiosa e sabendo que vinha bomba por aí. Quando ela terminou, e eu também, ela me pegou pela mão, pediu para eu fechar os olhos, e de frente à porta de seu quarto disse: - Surpresa! E que surpresa, todas as coisas, sem exagero, do quarto dela (objetos, roupas, brinquedos...) e os utensílios da cozinha estavam empilhados na porta do quarto. Tomei um susto e com lágrimas nos olhos (de desespero mesmo) perguntei: - O que é isso? ela toda orgulhosa e feliz - É meu tubarão! Eu poderia ter surtado, brigado, gritado... mas decidi que o melhor seria navegar em mares revoltos com esse amigo e passamos a tarde inteira brincando. Infelizmente desse episódio não tenho fotos, mas as fotos abaixo também são dignas de momentos de desespero, ou de alegria. A diferença está somente no seu olhar!

- Filha porque você insiste em pintar você em vez do papel?
- Pintar gente é mais gostoso!



- O que você fez com a casinha de teatro?
- Uma obra de arte, uma escultura.



- O que aconteceu com a sala que acabei de arrumar?
- Virou um teatro, quer ser a platéia?



- É assim que brinca com esse jogo?
- Mas agora não é um jogo, é um caminho para meus bichinhos.


- Filha já fez muito barulho.
- Não é barulho é meu show!


 - O que você fez?
- Um novo castelo para o Peter Pan, quer entrar?


Isso não é bagunça, é ser feliz de verdade!!







Sempre é tempo de mudar, de recomeçar. Seja feliz e faça seu filho feliz desde já.
Abraços a todos os pais! Mamãe Cris Moreira.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Família é prato difícil de preparar

"Eu aqui, um velho de 88 anos. Para os mais novos o Avô Eterno, o que não teve começo e nem terá fim, o que já veio ao mundo com esta cara enrugada. Eu aqui, preparo o almoço de família. Terei forças? 88: dois infinitos verticais. É boa idade, será uma bela festa. Tia Palma me ensinou a cozinhar, eu era jovem. Por onde andará Tia Palma? Às vezes, fica tempo sem aparecer. Às vezes, vejo-a perambulando pela casa com mamãe e papai e nem preciso de óculos. Chegam com diferentes idades, alegres ou preocupados, falantes ou silenciosos. Depende do dia, da hora em que os vejo. Imaginação? Sensibilidade? Perco noção. Perco? Me pego conversando com esse menino que era eu. Ou escrecendo alto comigo mesmo. Falo com meus queridos já distantes no tempo e no espaço. Às vezes, sinto medo, assobio no escuro. De repente, luz. Cinema! Me projeto histórias. Revejo meus irmãos de infância, nítidos, pulando uns nos outros, correndo e voltando para embolar feito cachorro novo. Revejo aquela minha Isabel apaixonada. Revejo meus filhos quando ainda estavam perto e eram meus. Lembranças vivas em todos os tendidos... Sigo em frente. Para o hoje - que eu amo! - e depois para onde o nariz aponta e a vista alcança e para mais além, aonde só a esperança vai. Sou passado, presente, futuro - três pessoas distintas reunidas numa só, mistério da terreníssima trindade...

Velho sente saudade de mãe e pais. Tudo faz tanto tempo! Velho quer colo, quer colher na boca vindo de longe com motor de aviãozinho, quer - banho tomado - que o ponham na cama, o aconcheguem com lençol limpo e travesseiro macio. Uma história conhecida, uma cantiga de ninar, um beijo de boa noite. A porta do quarto um pouquinho aberta, com a luz do corredor acesa - o ponto de referência é sempre bom. Velho sente falta de instância superior. Quem o julgará com isenção e sabedoria? Quem melhor que ele, saberá, imparcial, examinar o mérito da questão? Velho é criança com fôlego diferente. Já não lhe interessam as correrias nos jardins, o sobe e desce das gangorras, o vaivém dos balanços. É tudo muito pouco. O que ele quer agora é desembestar no céu, soltar os bichos que colecionou a vida inteira. Os bichos todos - domésticos, selvagesn, úteis e nocivos. Os pesados répteis que ainda guarda no coração... Tia Palma dizia que velho na horinha da morte conhece o máximo e o mínimo de si mesmo. É ao mesmo tempo elefante e louva-deus. É sequóia e flor-do-campo, oceano e poça de chuva, cordilheira e grão de sal. Ela garantia que a gente sabe direitinho quando acontece a transformação. A alma começa a emitir todos os sons da natureza... A alma do velho rosna, ameaçadora... A alma urra, uiva, grita...A alma se liberta rumo ao infinito e, aí sim.. canta a mais bela ária da mais bela ópera! Eu, criança, piamente acreditava. Depois, homem feito, achava graça. Faz algum tempo voltei a acreditar.

É na cozinha que eu desembesto e solto os bichos. ...Retratos falados - em voz alta, a família toda ao mesmo tempo. Destrambelhada família. Sagrada família...

Preciso me concentrar. É essencial... família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema... Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir.... vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer... Mas a vida - azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida.... Como saiu seu álbum de retratos? ... Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte de sua vida... Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados... não se envergonhe se chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.

... Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. .. .saber meter a colher é verdadeira arte. O pior é que ainda tem gente que acredita na receita de família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. .. Família é afinidade... e cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.

Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada... que você só suporta para manter a linha. Seja como for, família é mesmo um prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de engolir.

Há famílias, por exemplo, que levam muito tempo para serem preparadas. Fica aquela receita cheia de recomendações de se fazer assim ou assado - uma chatice! Outras, ao contrário, se fazem de repente, de uma hora para outra, por atração física incontrolável - quase sempre de noite. Você acorda de manhã, feliz da vida, e quando vai ver já está com a família feita. Por isso é bom saber a hora certa de baixar o fogo. ..

Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia-a-dia. .. por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas... aproveite ao máximo. Família é prato que quando se acaba, nunca mais se repete.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Potencial criador

O potencial criador é um fenômeno de ordem mais geral, menos específica do que os processos de criação através dos quais o potencial se realiza.

Em cada função criativa sedimentam-se certas possibilidades; ao se discriminarem, concretizam-se. As possibilidades se tornam reais. Com isto excluem outras que até então, e hipoteticamente, também existiam. É nesse sentido, e unicamente nesse sentido, que no formar todo construir é um destruir. Tudo o que num dado momento se ordena, afasta por aquele momento o resto do acontecer. É um aspecto inevitável que acompanha o criar, e apesar de seu caráter delimitador, não deveríamos ter dificuldades em apreciar suas qualificações dinâmicas. Já nos prenuncia o problema da liberdade e dos limites.


Quando se configura algo e o define, surgem novas alternativas. O processo de criar é um processo contínuo que se regenera por si mesmo, e onde o ampliar e o delimitar representam aspectos concomitantes, aspectos que se encontram em oposição e tensa unificação. A cada etapa, o delimitar participa do ampliar. Há um fechamento, uma absorção de circunstâncias anteriores, e, a partir do que anteriormente fora definido e delimitado, se dá uma nova abertura. Da definição que ocorreu, nascem as possibilidades de diversificação. Cada decisão que se toma, representa assim, um ponto de partida, num processo de transformação que está sempre recriando o impulso que o criou.


O potencial criador elabora-se nos múltiplos níveis do ser e se faz presente nos múltiplos caminhos em que o homem procura captar e configurar as realidades da vida. Os caminhos podem cristalizar-se e as vivências podem integrar-se em formas de comunicação, em ordenações concluídas, mas a criatividade como potência se refaz sempre. A produtividade do homem, em vez de se esgotar, liberando-se, se amplia.

Livro: Criatividade e Processos de Criação - Fayga

Formas simólicas e ordenações

Ao simbolizarem, as palavras caracterizam uma via conceitual. Essencialmente, porém, no cerne da criação está a nossa capacidade de nos comunicarmos por meio de ordenações, isto é, através de formas. Se a fala representa um modo de ordenar, o comportamento também é ordenação.

Por meio de ordenações se objetiva um conteúdo expressivo. A forma converte a expressão subjetiva em comunicação objetivada. Por isso, o formar, o criar, é sempre um ordenar e comunicar. Não fosse assim, não haveria diálogo. Na medida em que entendemos o sentido de ordenações, respondemos com outras.

Qualquer tipo de ordenação torna-se signifcativa para nós. Ao percebê-la projetamos de imediato algum sentido ao evento. Mas somente quando na forma se estruturam aspectos de espaço e tempo, mais do que assinalar o evento, poderá a mensagem adquirir as configurações de forma simbólica.

As figuras espaço/tempo são percebidas como um desenvolvimento formal. Tais figuras traduzem certos momentos dinâmicos do nosso ser, ritmos internos de vitalidade, de acréscimo ou declínio de forças, correspondendo ainda a certos estados de ânimo e de equilíbrio interior, entusiasmo, alegria, tristeza, melancolia, apatia, hostilidade, serenidade, etc.

É em termos espaciais e temporais (qualificações de vida), ou seja, em termos de um movimento interior, que avaliamos a percepção de nós mesmos e de nossa experiência do viver. Mobilizando-nos, as ordenações da forma simbólica rebatem em áreas fundas do nosso ser que também correspondem a ordenações. Trata-se, nessas ordenações interiores, de processos afetivos, ou seja, de formas do íntimo sentimento da vida. São as 'nossas formas' psíquicas.


As 'nossas formas' se constituem em referencial para avaliarmos os fenômenos, em nós e ao redor de nós. É o aspecto individual no processo criador, de unicidade dentro dos valores coletivos. Ainda que em cada pessoa as potencialidades se realizem em interligação com fatores externos, existem sempre fatores internos que não podemos desconsiderar. Todo perceber e fazer do indivíduo refletirá seu ordenar íntimo. O que ele faça e comunique, corresponderá a um modo particular de ser.


Vemos o ato criativo vinculado a uma série de ordenações e compromissos internos e externos.

Capacidades unicamente humanas

Na percepção de si mesmo o homem pode distanciar-se dentro de si e imaginativamente colocar-se no lugar de outra pessoa. Em virtude do distanciamento interior, a expressão de sensações pode transformar-se na comunicação de conteúdos subjetivos. O homem pode falar com emoção, mas ele pode falar também sobre suas emoções. Estende a comunicabilidade a conteúdos intelectuais. Ele pensa e pode falar sobre seus pensamentos. O homem pode formular ideias e hipóteses de crescente complexidade intelectual e comunicá-las aos outros como propostas de futuras atividades.

Ao homem torna-se possível falar, refletir e perfazer toda espécie de abstrações mentais porque, com sua percepção consciente, ele consegue dissolver situações globais em conteúdos parciais. Isto está fora das possibilidades dos animais, que reagem a situações globais concretas. Destacados de um todo, os múltiplos componentes expressivos podem ser parcelados, codificados individualmente e podem ser recombinados para formarem outras totalidades. Os mesmo componentes individuais configuram novos conteúdos.

Cada língua encerra em si, em sua forma, uma atitude básica valorativa. Por isto é tão difícil traduzir. Nos vários modos de se enfocarem áreas de experiência humana e modos de participação social, nas muitas línguas, se refletem os acervos de muitas culturas. Na multiplicidade das culturas tem-se observado um aspecto caracteristicamente humano. (não a cultura, mas sim o pluralismo de culturas, das variadas possibilidades, é característico para a espécie humana. Em sua produção de culturas, o homem parece ter sido tão fértil quanto à própria natureza em sua produção de espécies.)

As línguas são experiência coletiva, no sentido de nelas a experiência e a criatividade individual se tornarem anônimas. No mesmo sentido, as línguas são criação cultural; constituem o ambiente humano que age sobre o indivíduo, o qual por sua vez atua sobre o ambiente. Por isso, ainda que a capacidade de falar e de simbolizar seja um potencial inato, o aprendizado da fala implica um aprendizado cultural; o potencial natural da língua, cada indivíduo o realiza num dado contexto cultural. Molda sua experiência pessoal nas relações culturais possíveis.

Livro: Criatividade e Processos de Criação - Fayga

Associações mentais

Provindo de áreas inconscientes do nosso ser, ou talvez pré-conscientes, as associações compõem a essência de nosso mundo imaginativo. São correspondências, conjeturas evocadas à base de semelhanças, ressonâncias íntimas de cada um de nós, com experiências anteriores e com todo um sentimento de vida.

Espontâneas, as associações afluem em nossa mente com uma velocidade extraordinária. Não se pode fazer um controle consciente delas. Às vezes, ao querer detê-las, elas já nos escaparam. Elas interligam ideias e sentimentos. As reconhecemos como nossas, como sendo de ordem pessoal. Por mais inesperadas que sejam, elas condizem com um padrão de comportamento específico nosso face a ocorrências que nos envolvam.

As associações nos levam para o mundo de fantasias. Geram nosso mundo de imaginação. Um mundo experimental, de um pensar e agir em hipóteses. O que dá amplitude à imaginação é essa nossa capacidade de perfazer uma série de atuações, associar objetos e eventos, poder manipulá-los, tudo mentalmente, sem a presença física.

O nosso mundo imaginavito será povoado por expectativas, aspirações, desejos, medos, por toda sorte de sentimentos e de 'prioridades' interiores. As prioridades interiores influem em nosso fazer e naquilo que 'queremos' criar.

Grande parte das associações liga-se à fala, pois muito do que imaginamos é verbal, ou torna-se verbal, traduz-se em nosso consciente por meio de palavras. Pensamos através da fala silenciosa. Pensa-se falando.

Cada um de nós pensa e imagina dentro das propostas de sua cultura. Quando se fala, recolhe-se desse acervo, língua e de propostas possíveis, uma determinada parte que corresponde à experiência particular vivida. É o que se quer transmitir e também o que se pode transmitir. A fala se articula, portanto, no uso concreto da língua, uso sempre parcial porque adequado à área vivencial do indivíduo.

Usamos palavras. Elas servem de mediador entre o nosso consciente e o mundo. Quando ditas, as coisas se tornam presentes para nós. Na língua, como nos processos de imaginação, dá-se um deslocamento do real físico do objeto para o real da ideia do objeto. A palavra evoca o objeto por meio de sua noção. Entretanto, qualquer noção já surge em nossa consciência carregada de certos conteúdos valorativos, pois, como todo o agir do homem, também o falar não é neutro, não se isenta de valores.

Dando nome as coisas, o homem as identifica e ao mesmo tempo generaliza. Capaz de perceber o que é semelhante nas diferenças e o que é diferente nas semelhanças. Exemplo, ele percebe a árvore, e na árvore uma árvore, uma de muitas árvores. Nas árvores ele vê uma planta, e nas plantas uma forma de vida. Assim o homem discrimina, compara, generaliza, subtrai, conceitua. Passa a compreender cada fenômeno como parte de um padrão de referências maior. Ser simbólico por excelência, ele concebe abrangências recíprocas: do único dentro do geral, do geral dentro do único.

Livro: Criatividade e Processos de Criação - Fayga